“Dia Nacional da Paz no Trânsito” – Por que ainda celebramos?

“Dia Nacional da Paz no Trânsito” – Por que ainda celebramos?

A data de 21/04 foi escolhida em nosso país como o “Dia Nacional da Paz no Trânsito “. Refletindo um pouco, se ainda celebramos essa data é porque, na verdade, estamos distantes de alcançar os objetivos da mesma: despertar na sociedade brasileira os valores e atitudes corretas que devem ser adotadas diariamente no trânsito, a fim de prevenir mortes e lesões, tornando ruas e estradas mais seguras para todos.

Estamos na metade da “Segunda década de ação pela segurança no trânsito”, alinhada com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da ONU. Muito tem sido estudado, discutido e acordado em relação às atitudes corretas no trânsito; políticas públicas têm sido adotadas em nosso país, como o PNATRANS (Programa Nacional de Redução De Mortes e Lesões no Trânsito), criado em 2018 e atualizado em 2021, cujo principal pilar é o conceito de que nenhuma morte no trânsito é aceitável. Pontua que os erros humanos são inevitáveis, mas as mortes e os ferimentos graves no trânsito não são. Compartilha a responsabilidade pela segurança na mobilidade entre todos os agentes: os que constroem, gerenciam, fiscalizam e usam as vias e veículos, além dos que prestam atendimentos às vítimas. Nesse contexto, busca vias mais seguras, veículos cada vez mais inteligentes, legislação e campanhas que combatem os comportamentos de risco, além de  incentivar o uso de equipamentos de segurança etc.

Muito tem se trabalhado do ponto de vista técnico, visando segurança e redução de indicadores de morte e lesões, mas é necessária uma mudança de comportamento mais ampla.

O que tem sido estimulado pela nossa sociedade? O que é priorizado em todas as esferas? O interesse  pessoal, a autossatisfação ou a empatia e o respeito ao próximo? Por que a pressa? O prazer derivado da velocidade ou do uso de álcool? A curiosidade em checar uma mensagem no celular pode valer mais do que uma vida humana? O que está nos faltando?

Deixo essa reflexão para todos nós. Talvez essa seja a principal questão para construirmos uma verdadeira cidadania.

 

Relatora:
Regina S Carnaúba
Membro do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo