No dia 25 de novembro celebramos o Dia Nacional do Doador de Sangue, uma data que vai além da homenagem – é um convite à reflexão e à ação.
Mais do que um ato de generosidade, voluntário e altruísta, a doação é um compromisso social e humanitário imprescindível para garantir o cuidado de milhares de pacientes com diversas condições de saúde.
Na pediatria, as indicações de transfusão são múltiplas e variam conforme a idade e o diagnóstico. O ato transfusional é frequentemente realizado em recém-nascidos prematuros extremos, portadores de cardiopatias ou outras malformações congênitas que necessitam de tratamento cirúrgico e internação prolongada. Além disso, há elevada demanda entre crianças internadas em unidade de terapia intensiva, em serviços de urgência, portadores de doença renal crônica dialítica, transplantados, pacientes com hemoglobinopatias (como anemia falciforme, talassemias) ou outras anemias hemolíticas congênitas, como esferocitose, aplasias e doenças oncológicas.
É essencial destacar que a demanda por transfusões na população pediátrica tende a aumentar, dada a crescente prevalência de crianças com doenças crônicas complexas e à maior sobrevida desses pacientes nas últimas décadas. Além disso, a medicina altamente especializada – como os transplantes e as terapias celulares – só é possível quando há uma retaguarda segura e constante de hemocomponentes e hemoderivados.
A segurança transfusional é garantida por meio de protocolos rigorosos de triagem clínica e testagem laboratorial dos hemocomponentes, que visam minimizar riscos e garantir a integridade de doadores e receptores.
Apesar disso, apenas uma pequena parcela da população brasileira doa sangue regularmente. Estimativas indicam que cerca de 1,8% dos brasileiros são doadores habituais, percentual inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere uma taxa ideal entre 3% e 5% da população.
Além da baixa aderência, a prática da doação está sujeita às variações sazonais associadas ao clima, férias e feriados prolongados, o que pode levar à criticidade dos estoques e colocar em risco os atendimentos.
Os doadores de sangue devem ter boas condições de saúde e idade entre 16 e 69 anos. A primeira doação deve ser realizada antes dos 60 anos, e os doadores com 16 e 17 anos precisam de autorização do responsável legal. O peso mínimo é de 50 kg, e o limite anual de doações é de quatro para homens e três para mulheres. Outros fatores, como comorbidades, uso de medicamentos e procedimentos recentes são avaliados individualmente durante a triagem clínica para definir a aptidão.
A cada doação de uma unidade de sangue total, é possível produzir até quatro componentes diferentes (concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado). Há ainda a coleta por aférese, um procedimento automatizado que permite selecionar o tipo de componente sanguíneo a ser coletado.
Por fim, que a data de 25 de novembro não seja apenas motivo de celebração, mas também de promoção da consciência e do compromisso social necessários para assegurar a integralidade do cuidado a milhares de pacientes!
Cada doação é uma ponte entre desconhecidos – um gesto de amor sem rosto, mas de valor incalculável para os que dela necessitam!
Relatora:
Bruna Paccola Blanco
Membro do Departamento Científico de Hematologia e Hemoterapia da SPSP
Grupo GSH, São Paulo/SP
Instituto da Criança – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo/SP
Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) – São Paulo/SP


