Dor em membros

1. O que é a dor em membros benigna?
A dor em membros é uma das queixas mais comuns em pediatria. É também conhecida como dor de crescimento, apesar de não ter sido comprovada relação com o processo de crescimento. Acomete crianças entre 6 e 13 anos de idade, podendo aparecer em crianças menores. Caracteriza-se por dor difusa, mais freqüentemente atrás dos joelhos ou nas panturrilhas, podendo acometer também a região anterior das pernas.

Geralmente a dor ocorre mais no final do dia, podendo ser causa de despertar noturno. Com freqüência o seu aparecimento está relacionado com atividade física, ou seja, é comum a queixa de dor nos membros no final de um dia de muita brincadeira.

Na maioria das crianças a dor melhora espontaneamente ou com massagens e calor local. Raramente são necessários analgésicos por via oral. A dor em membros benigna não interfere com as atividades físicas rotineiras das crianças.

2. É comum a criança com Dor em Membros ter outros sintomas?
Sim. Embora a criança com dor em membros benigna seja saudável, não tenha diminuição do apetite, queda do estado geral, febre, fraqueza ou inchaço nas articulações, é freqüente a queixa de dor de barriga (abdominal) e dor de cabeça (cefaléia) concomitante.

3. O que causa a Dor em Membros?
A causa da dor em membros é desconhecida, porém alguns fatores podem estar relacionados com a queixa de dor, como distúrbios do sono (sono não restaurador) e fatores emocionais. Muitas vezes a criança com dor em membros participa de diversas atividades extracurriculares como música, dança e esportes e às vezes são referidas pelos pais como sendo crianças perfeccionistas ou ansiosas. Alguns estudos científicos mostram que é freqüente a existência de outro membro da família (mãe, pai ou irmãos) com dor crônica ou em tratamento para alguma doença.

4. Como se faz o diagnóstico de Dor em Membros?
O Pediatra é o profissional habilitado para a avaliação do seu (sua) filho (a) com Dor em Membros. O exame físico é sempre normal, bem como os exames laboratoriais. Durante a investigação diagnóstica deve-se excluir todas as condições que provocam dor principalmente as patologias ortopédicas, traumáticas, infecciosas, tumorais e hematológicas.

5. Quais exames deverão ser solicitados nestas crianças?
Devemos solicitar exames para excluir as doenças que necessitam de um diagnóstico precoce. Hemograma completo, velocidade de hemossedimentação (VSH), exame de urina e exame radiológico são fundamentais nesta fase inicial.

6. Quando esses exames devem ser realizados?  
Os exames laboratoriais ou radiológicos devem ser realizados em situações bem específicas que incluem: 1) dor recente e sempre no mesmo local; 2) alterações do estado geral como febre, perda de peso e falta de ânimo; 3) alterações no (s) local (ais) da dor como inchaço e calor.

7. Que condições clínicas podem se acompanhar de Dor em Membros?
A síndrome da hipermobilidade articular (SHA), as lesões por esforço de repetição (LER) e a fibromialgia são causas freqüentes de Dor em Membros.

8. O que é a Síndrome da Hipermobilidade Articular?
A SHA caracteriza-se pela presença de hipermobilidade articular, ou seja, frouxidão dos ligamentos, associada a dor músculo-esquelética (nas articulações ou músculos), que geralmente ocorre após a atividade física. Algumas modalidades esportivas, como o balé e a ginástica olímpica, podem ser fator de piora da dor em crianças e adolescentes com SHA.

9. O que são as lesões por esforço de repetição?
As lesões por esforço de repetição (LER) ocorrem devido ao trauma repetitivo em uma mesma articulação. Tem-se observado aumento de freqüência de LER nos últimos anos devido o uso excessivo de computadores e jogos eletrônicos por crianças e adolescentes. O quadro clínico consiste em dor nos membros superiores, com incapacidade funcional causada pelo próprio uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem movimentos repetitivos ou posturas forçadas. Os pais devem orientar a postura correta em frente do computador e limitar as horas de uso da internet e de videogames.

Autoria: Sociedade Brasileira de Reumatologia (5/5/2005)
“Transcrito do portal da Sociedade Brasileira de Reumatologia mediante autorização” para o Grupo Gerencial do Departamento de Reumatologia da SPSP – gestão 2007-2009 (Dra. Silvana B. Sacchetti, Dr. Roberto Marini e Dra. Maria Teresa Terreri) em 7/10/2007.