Estamos definitivamente livres da paralisia infantil?

Estamos definitivamente livres da paralisia infantil?

Dia 24 de outubro é o Dia Mundial de Combate à Poliomielite.

Já imaginou seu(sua) filho(a) com um quadro febril, sem causa aparente para a febre, que vai dormir e acorda com as pernas paralisadas? E pior, muitas vezes com um quadro irreversível, que vai acompanhá-lo(a) para o resto da vida?

Pois é… esse era o fantasma que rondava, há algumas décadas, o imaginário de muitos pais quando seus filhos adoeciam.

Estamos falando da poliomielite, ou paralisia infantil, doença que foi eliminada das Américas em 1994, e hoje quase erradicada do mundo – Paquistão e Afeganistão ainda registram casos da doença. O Brasil registrou o último caso em 1989, na Paraíba.

O fim da pólio entre nós se deu pelas altas taxas de vacinação da população. Uma eficaz vacina, barata, oral, associada a uma elevada proporção de vacinados no país, através das campanhas de vacinação, foram as principais razões para a eliminação do vírus.

O Brasil se notabilizou por ser o país da vacina! Nosso querido Zé Gotinha virou personagem icônico da nossa história. A família do Zé cresceu e hoje as vacinas são muitas e para todas as idades.

Infelizmente, e por razões diversas, vivenciamos hoje, acreditem, o risco de retorno da paralisa infantil entre nós!

A falsa percepção de que a doença nunca mais voltará, de que tudo está sob controle e o desconhecimento da gravidade da pólio são exemplos dos fatores que têm contribuído para uma menor adesão das famílias à vacinação, colocando-nos sob a ameaça de retorno desse terrível vírus.

É importante lembrar que enquanto o mundo não estiver livre da pólio, ninguém estará e necessitaremos manter nossas crianças vacinadas.

No mês da poliomielite e no ano que nosso Programa Nacional de Imunizações comemora 50 anos de idade, não podemos sofrer esse grande retrocesso nas conquistas alcançadas.

Se você nunca ouviu falar da doença, ou não conhece ninguém que teve poliomielite, é porque seus pais o(a) vacinaram e você cresceu numa geração livre da pólio.

Converse com seus avós: garanto que eles terão uma história triste para contar, de alguém que ficou paralisado, usando aparelhos, em cadeira de rodas e às vezes até perdeu a vida.

Vacinas são seguras, protegem e evitam sofrimento. Vacina é vida, vacinar é um ato de amor!

 

Relator:
Renato Kfouri
Vice-Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo