Hiperlactação – quando nem sempre produzir muito leite é o melhor!

A hiperlactação pode ser definida como o excesso de oferta de leite materno, acima das necessidades do bebê. Vários hormônios estão envolvidos na lactação, mas dois hormônios têm papel especial: a prolactina, responsável pela síntese e liberação do leite e a ocitocina, responsável pela saída do leite produzido.

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A hiperlactação pode ser frequente no início da amamentação, durando cerca de 30 a 40 dias, quando então começa a regular a produção de leite de acordo com a necessidade do bebê.

O excesso de leite pode produzir sintomas diversos que devem ser informados ao obstetra e pediatra para avaliação e orientação à mãe:
• desconforto mamário com dores em agulhada;
• enchimento rápido da mama logo após o término da mamada;
• áreas mais sensíveis e nódulos;
• mamas vazam leite durante e entre as mamadas.

Em relação ao bebê pode-se observar:
• solicitam a toda hora, mesmo escorrendo leite da boca durante a mamada;
• fezes explosivas, aquosas;
• com o leite saindo em jato, com muita pressão, o bebê se estica, chora, arqueia, se “afoga”, então engasga e tosse; assim, acaba por recusar a mamada.
• regurgitação, flatulência;
• pode ganhar menos peso pela mamada incompleta e pelo maior consumo de leite anterior (leite que é ejetado no início da mamada, rico em água, sais minerais e lactose, com menor teor calórico).

Sem uma avaliação cuidadosa, a hiperlactação pode ser confundida com outras situações como:
• o baixo ganho de peso ser interpretado como “fome”, com consequente introdução de complemento (fórmula infantil);
• refluxo gastroesofágico (vômitos e engasgos);
• pela mamada reduzida e a ingestão maior de leite anterior (rico em lactose), há um aumento de gases com cólica. Pode ser confundido com alergia à proteína do leite de vaca e, apesar de extremamente raro, intolerância à lactose.

A técnica inadequada de amamentação – com esvaziamento incompleto das mamas, mamadas frequentes, horários pré-determinados, uso de chupetas e de complementos alimentares – predispõe o aparecimento de complicações da lactação.

Tratamento

O tratamento tem o objetivo de diminuir a produção do leite. Os níveis de prolactina de mães amamentando são extremamente variáveis. A melhora dos casos costuma ser espontânea, porém algumas medidas ajudam no equilíbrio da produção de leite materno:
• extrair o leite, mas somente o necessário, pois quanto mais se retira, mais leite será produzido;
• evitar compressas quentes, pois podem estimular a produção;
• aplicação de compressas geladas após as mamadas para diminuir o pico de prolactina;
• alguns medicamentos podem aumentar a produção e volume de leite, portanto é essencial relatar ao obstetra e ao pediatra quais medicamentos está tomando;
• o suporte emocional e medidas que visem dar maior conforto à mãe não podem ser negligenciados: o bem-estar da nutriz é muito importante.

Alguns cuidados colaboram para tranquilidade da mamãe e do bebê na hora da mamada, tornando-a mais eficaz e prazerosa:
• massagear as mamas antes das mamadas, fazendo apoio com uma das mãos;
• posicionar o bebê para uma correta sucção;
• oferecer apenas uma mama em cada mamada, deixando o bebê decidir quando parar;
• oferecer a mama apenas após o reflexo de ejeção, diminuindo, assim, o fluxo que a criança receberá inicialmente;
• extrair o leite que restou nas mamas, com ordenha elétrica ou manual;
• evitar pular mamadas;
• evitar complemento, como chupeta, mamadeiras e intermediários.

Consulte sempre seu pediatra para obter ajuda e aconselhamento.

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Relatores:
Dra. Isis Dulce Pezzuol
Dr. Moises Chencinski
Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Publicado em 25/04/2019.

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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