Larva Migrans

A Larva migrans, também conhecida como Helminthiasis migrans, dermatite linear serpiginosa, bicho geográfico e bicho de praia é causada mais comumente pelo Ancylostoma brasiliensis, parasita intestinal do cachorro e gato, sendo seus ovos eliminados com as fezes destes animais.

Pode afetar adultos e crianças, sendo mais comum nas crianças, que adquirem a infestação em areia de praia, construção, parques ou jardins, onde os animais infestados depositam suas fezes com os ovos. Esses ovos, sob condições favoráveis de temperatura e umidade transformam-se em larvas, podendo penetrar na pele humana.

Esta dermatose de diagnóstico relativamente fácil tem tradicionalmente sua ocorrência aumentada nos meses de verão, principalmente entre crianças que freqüentaram praias. Porém ultimamente este quadro tem sido visto, praticamente, ao longo do ano todo, sendo o contágio oriundo dos tanques de areia das escolas e dos solos dos parques da cidade.

O quadro cutâneo inicia-se com o aparecimento de pápula encimada por pequena vesícula que assim permanece durante alguns dias. Deste ponto surge o elemento característico desta parasitose, representado por lesão linear serpiginosa, progressiva, de tamanho variado, que muda freqüentemente de direção, apresentando pequena elevação na sua parte final.
As lesões, sempre muito pruriginosas, podem surgir em qualquer local do corpo, sendo mais comuns nas regiões plantares, glúteos, genitais e joelhos que, habitualmente, entram em contato com o solo quando as crianças estão brincando e por onde penetra o parasita. Pode ocorrer infestação maciça com grande número de lesões de configuração serpiginosa.
Como complicações podem surgir infecções secundárias e eczematização, devidas ao ato de coçar e ao uso inadequado de medicações tópicas não apropriadas.


Tratamento
Nos casos pouco intensos o medicamento de escolha é o thiabendazol, que pode ser usado topicamente ou por via oral de acordo com a necessidade. Quando as lesões são pouco numerosas‚ emprega-se sob a forma de pomada, em quatro a cinco aplicações diárias, seguidas de fricção, em geral com resultados satisfatórios. A pomada também pode ser usada de modo oclusivo, com cobertura de plástico. Essa técnica é muito útil, particularmente para as lesões localizadas nas regiões plantares, pois o plástico aumenta a absorção da pomada.

Outro recurso para as infestações pouco intensas é a neve carbônica, que deve ser aplicada na parte terminal da lesão serpiginosa, com o objetivo de destruir o parasita. Nos casos de lesões muito numerosas, está indicada sua administração por via oral na dose de 25mg/kg de peso, duas vezes por dia, durante três dias.

Em crianças acima de 15 quilos, a ivermectina é o tratamento de eleição, resolvendo o problema em curto espaço de tempo, em administração única.

Quando há infecção secundária concomitante, antissépticos e antibióticos tópicos e/ou sistêmicos devem ser utilizados conforme a necessidade.
Nas eczematizações utiliza-se corticosteróide em pomada ou creme, segundo o estado evolutivo das lesões.


Relatora: Dra. Silmara da Costa Pereira Cestari
Ex-Presidente do Departamento de Dermatologia da SPSP – gestão 2004-2006; Professora Adjunta do Departamento de Dermatologia da UNIFESP, São Paulo, SP

Texto original divulgado em 2005.
Texto atualizado em 16/09/2007.