Manometria anorretal em crianças com constipação crônica

Lucia Fontes
Assessoria de Imprensa da Sociedade de Pediatria de São Paulo

A edição de dezembro da Revista Paulista de Pediatria destaca o artigo de autoria de Danielle Aleixo de Oliveira Cruz e colaboradores sobre o exame manométrico anorretal em crianças com constipação intestinal crônica funcional refratária ao tratamento convencional.

Conforme explicam os autores, a constipação intestinal crônica funcional (CICF) é a forma mais comum de constipação na infância, caracterizada por dificuldade evacuatória persistente mais comumente causada por evacuações dolorosas, resultando em comportamento retentor de fezes pela criança, sem evidência objetiva de doenças orgânicas. Esse comportamento retentor pode levar a diversos problemas físicos – aumento da complacência retal e diminuição da sensibilidade; distensão abdominal, dor ou desconforto – além de constituir um fator importante de distúrbio psicossocial para a criança e familiares. Nesse contexto, o estudo realizado no Departamento de Gastroenterologia Pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (SP), teve por objetivo apresentar o perfil manométrico anorretal dos pacientes com CICF refratários ao tratamento convencional, caracterizando-os quanto ao tônus esfincteriano, presença de reflexo inibitório reto-anal, capacidade de expulsão do balão intra-retal e comportamento durante manobra evacuatória.

“O estudo realizado sobre as características manométricas anorretais de pacientes com constipação crônica funcional representa um acréscimo aos conhecimentos sobre a fisiologia anorretal deste grupo, podendo auxiliar na abordagem terapêutica”, afirma Danielle Aleixo de Oliveira Cruz: Médica Pediatra Gastroenterologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São Paulo, SP. Para a pesquisa, realizou-se um estudo retrospectivo, com análise de prontuários, que destacou 31 pacientes com CICF de difícil manuseio, sendo 24 do sexo masculino, com idade média de 8,9±2,6 anos, acompanhados no Ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, no período de janeiro de 2003 a junho de 2007. Clinicamente, os pacientes inclusos neste estudo apresentavam evacuações pouco frequentes, endurecidas ou em cíbalos há pelo menos três meses, apesar do tratamento convencional, sendo os sintomas mais frequentes a dor abdominal em cólica, a distensão abdominal, a dor ao evacuar e a presença de escape fecal retentivo.

Segundo Danielle, uma vez que este estudo pode ser acessado por meio da Revista Paulista de Pediatria, ele contribui para a divulgação da manometria anorretal como método diagnóstico importante a ser realizado em pacientes com constipação crônica funcional refratária a tratamentos, considerando a escassez de trabalhos sobre este tema na literatura devido à dificuldade da realização deste exame na faixa etária pediátrica. “Mesmo seguindo critérios já padronizados e um método diagnóstico utilizado rotineiramente como método de investigação para este grupo de pacientes, o relevante neste estudo é que ele ressalta a importância da realização da manometria anorretal em casos de pacientes com constipação refratária, para descartar patologias como a doença de Hirschsprung e orientar o seguimento destes pacientes”, explica Danielle. “Por trata-se de enfermidade com elevada prevalência e morbidade, um método diagnóstico que pode trazer mais informações que orientam no manejo destes pacientes tem impacto na melhora da sua qualidade de vida”, finaliza a autora.

 

Texto divulgado em 14/01/2011.