Monkeypox em crianças: O que precisamos saber?

Monkeypox em crianças: O que precisamos saber?

Quando o assunto é doenças infecciosas causadas por vírus, os pais e mães acrescentaram uma nova preocupação em 2022.

Sim, o vírus causador da varíola dos macacos (nome da doença que a Organização Mundial da Saúde quer mudar, pois os macacos são tão vítimas como nós os humanos) tem se espalhado em mais de 96 países e embora a população adulta seja a mais acometida, as nossas crianças não estão livres de desenvolver a doença.

No Brasil, até 21 de agosto já são 3.788 casos, sendo 77 em crianças e adolescentes até 17 anos (20 deles entre crianças de 0 a 4 anos). Pais e mães precisam estar atentos com relação à forma com que a doença é transmitida e como ela se manifesta, para poderem levar a criança ou o adolescente para a avaliação médica, assim que suspeitarem que há algo errado com seu/sua filho(a).

A transmissão do vírus entre humanos ocorre principalmente por meio de contato com as lesões de pele ou com secreções respiratórias de pessoas infectadas, bem como com objetos recentemente contaminados. O vírus também pode infectar as pessoas por meio de líquidos corporais. Trata-se de uma doença que exige, geralmente, contato muito próximo e prolongado para transmissão de pessoa a pessoa (por exemplo, face a face, pele a pele, boca a boca, contato boca à pele).

Uma vez que a pessoa esteja infectada, os sinais e sintomas podem durar entre duas e quatro semanas.

Os dados em crianças são ainda limitados, levando a preocupações sobre seu potencial de propagação entre elas e gravidade da manifestação da doença.

Entretanto, com poucos casos em crianças no país, a doença geralmente tem-se comportado de maneira parecida como nos adultos.

Os sintomas incluem o surgimento de lesão (uma) ou lesões (várias) na pele, que podem ser notadas em diferentes estágios, desde uma elevação vermelha até uma “espinha”, bolha, pequena ferida aberta ou ferida com casca, associada(s) a febre com início súbito e inchaço dos gânglios (popularmente conhecidos como “ínguas”), além de outros sintomas, como dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e cansaço.

Em situações menos frequentes, a dificuldade de engolir ou tosse pode ocorrer quando feridas surgirem na boca e garganta. Há descrições raras de acometimento dentro dos olhos, com inchaço ou feridas com casca nas pálpebras.

O período de incubação, que é o intervalo entre a data do primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas da doença, é usualmente de 7 a 14 dias, mas pode chegar a até 21 dias.

As pessoas infectadas precisam ficar em isolamento até que a(s) ferida(s) desapareça(m), pois somente quando a pele retorna ao normal a pessoa deixa de transmitir o vírus.

Como seus sintomas podem ser confundidos com outras doenças que apresentam manifestações de pele, é importante saber que estamos em plena época de maior circulação de um outro vírus bem conhecido, o da catapora. Neste caso, em específico, chamamos a atenção para a vacinação da varicela (contra a catapora), que é feita com duas doses a partir de 1 ano de idade.

Não há tratamentos específicos para monkeypox; os sintomas tendem a desaparecer espontaneamente. Porém, o tratamento de suporte deve ser focado em aliviar os sintomas, cuidando de possíveis complicações e prevenindo as sequelas em longo prazo. É importante cuidar das lesões de pele, deixando-as secar, se possível, ou cobrindo-as com um curativo para proteger a área, se necessário.

Não há motivo para pânico, mas sim de alerta, para informarmos o maior número de pessoas sobre a melhor forma de enfrentar esta nova doença que acaba de chegar em nosso país.

Fontes:

Relatora:
Melissa Palmieri
Departamentos de Imunizações e Infectologia da SPSP
Coordenadora do Blog Pediatra Orienta da SPSP

Foto: @Alex.Photography / br.freepik.com