Movimento, educação e cidadania em campo

Movimento, educação e cidadania em campo

O dia 25 de maio marca mais do que uma simples comemoração: é uma oportunidade de refletir sobre o papel do esporte na escola e tudo o que ele representa na formação de crianças e adolescentes. Em tempo de tantas transformações sociais e educacionais, o desporto escolar se reafirma como um momento de convivência, aprendizado e saúde.

A conexão entre movimento e educação não é recente – já era valorizada na Antiguidade. Mas foi a partir do século XIX, especialmente na Inglaterra, que o esporte começou a ser integrado à vida escolar com objetivos pedagógicos mais claros. Nas chamadas public schools, atividades esportivas passaram a ser usadas como ferramentas de disciplina e formação moral.

No Brasil, o crescimento do desporto escolar se deu ao longo do século XX, impulsionado por políticas públicas, competições regionais e pela fundação da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), em 2000. Desde então, a CBDE atua para promover o desenvolvimento esportivo com foco não apenas no desempenho, mas também na cidadania, no lazer e na inclusão.

O dia 25 de maio foi escolhido justamente por marcar a criação da CBDE, sendo oficializado como o Dia Nacional do Desporto Escolar pela Lei nº 14.579, sancionada em 2023.

Na prática, o esporte dentro das escolas vai muito além dos pódios: ajuda no desenvolvimento motor e cognitivo, melhora a concentração, favorece o desempenho escolar e contribui para a construção de valores importantes, como empatia, respeito às regras, cooperação e resiliência. Para muitos alunos, as aulas de Educação Física e os jogos são os momentos mais esperados do dia — e não é à toa. Ali, eles se sentem parte de algo, criam vínculos e aprendem na prática o que significa conviver.

Fora do Brasil, o desporto escolar também tem um papel de destaque. A International School Sport Federation (ISF), criada em 1972, reúne mais de 130 países e organiza a Gymnasiade — uma espécie de olimpíada estudantil internacional que combina esporte, intercâmbio cultural e amizade entre jovens. O Brasil participa ativamente, e a edição de 2023 foi sediada no Rio de Janeiro. Já em 2025, a Gymnasiade aconteceu em abril, em Belgrado, na Sérvia.

Esses eventos mostram que o esporte escolar pode – e deve – ser uma ponte entre educação e cidadania, com alcance global. No entanto, por aqui, o modelo ainda está distante dessa realidade. Muitos desafios permanecem: escolas sem quadras adequadas, falta de materiais, desvalorização da Educação Física e desigualdades no acesso às práticas esportivas.

Mudar esse cenário exige mais do que boa vontade. É preciso investir em infraestrutura, capacitar profissionais e criar políticas públicas consistentes, que reconheçam o valor do esporte como parte integrante do projeto pedagógico de cada escola.

O Dia Nacional do Desporto Escolar é um momento para celebrar quem já faz a diferença: professores, coordenadores, gestores e alunos que acreditam no poder transformador do movimento. Mais do que formar atletas, o que está em jogo é formar cidadãos ativos, saudáveis e preparados para os desafios da vida dentro e fora das quadras.

 

Relatores:

Rubens Romualdo da Silva
Diego Lopes Valiukevicius
Núcleo de Estudos da Prática de Atividade Física e Esportes na Infância e Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo