Em 1993, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Família em seu calendário de celebrações, estabelecendo o dia 15 de maio como a data oficial para essa comemoração anual. A iniciativa busca reconhecer a importância da família como unidade fundamental da sociedade e refletir sobre os desafios que ela enfrenta no mundo contemporâneo.
A família representa o primeiro grupo social com o qual os indivíduos estabelecem relações. É nesse núcleo que se constroem os valores, os vínculos afetivos e a base da convivência social. Ao longo da história, foi a partir da família que a sociedade se estruturou. No entanto, desde o século XX, essa “célula mater” vem enfrentando transformações profundas e, muitas vezes, desafiadoras.
As duas grandes guerras mundiais, seguidas por diversos conflitos regionais durante a Guerra Fria — muitos dos quais ainda persistem — impactaram fortemente o tecido social. Em diversos países europeus, por exemplo, houve um envelhecimento populacional significativo, caracterizado pelo desequilíbrio entre o número de idosos e a população jovem economicamente ativa. Em outras regiões, o oposto ocorreu, com uma predominância de jovens e altas taxas de natalidade.
A globalização acarretou outras transformações: surgiram novas formas de trabalho, urbanização acelerada, maior participação da mulher no mercado de trabalho, maior mobilidade social em busca de melhores oportunidades profissionais, adoção de estilos de vida diferentes — como a preferência por moradias menores e o uso intensivo da tecnologia. Tais fatores puderam contribuir para um distanciamento maior entre as gerações, ao reduzir o convívio familiar. Com isso, pais trabalhadores enfrentam desafios cada vez maiores para conciliar suas responsabilidades profissionais com os cuidados com os filhos e outros dependentes.
A pandemia da covid-19 escancarou, de maneira intensa, a vulnerabilidade de muitas famílias. Perda de renda, cuidado com crianças pequenas, idosos e pessoas com deficiência evidenciaram a urgência de políticas públicas eficazes de proteção social. Problemas econômicos, a insegurança quanto ao futuro, diminuição acentuada dos postos de trabalho, a reorganização da ordem econômica mundial, também estão contribuindo para o aumento de diversas formas de instabilidade familiar: a violência doméstica, o abandono infantil, a gravidez precoce, o alcoolismo, a dependência química e a violência doméstica (em especial contra mulheres e crianças).
O Dia Internacional da Família serve para nos lembrar que o fortalecimento da estrutura familiar é essencial para o bem-estar coletivo e para o desenvolvimento sustentável das sociedades.
Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP