O verão e a pele

O verão é a estação mais esperada por todos. Especialmente no Brasil as pessoas aguardam ansiosamente a possibilidade de usufruir daquilo que o país tem de melhor e sem custo: as praias.

Mas nas praias podemos encontrar muito mais que sol e alegria. E muitos desses “encontros” podem ser nocivos à pele e merecem a nossa atenção. Cuidados ainda maiores devem ser dispensados às crianças, pois além de contarem com uma pele muito mais delicada que a dos adultos, ainda tendem, por sua própria natureza, a se expor muito mais na estação mais quente do ano.

E o que podemos encontrar nas praias, além do sol e da alegria?
Lembrar que a pele é um órgão de defesa do organismo, um envoltório protetor contra as agressões. Vamos enumerar os problemas que podem acometer nossa pele, nessa estação, e o que fazer para evitá-los ou corrigi-los.

Sol: não só no verão, mas em todas as estações do ano é necessário se proteger do sol, pois este, além de causar o bronzeado desejado, pode danificar a pele, levando à alterações de DNA que são irreversíveis e podem levar ao aparecimento de tumores.

COMO EVITAR: Aplicar filtro solar, no mínimo de FPS 15 em todo o corpo, meia hora antes de se expor ao sol e reaplicá-lo a cada 2 horas ou sempre que entrar na água.

Queimaduras solares: você não se protegeu o suficiente e ficou com queimaduras do sol. A primeira coisa é não usar remédios caseiros do tipo creme dental ou pó de café. Para as queimaduras, aplique um creme com hidratante e, se for mais grave, procure ajuda médica. Não estoure a bolha de água. Independente de onde você esteja procure sempre tomar um banho de água corrente após o banho de sol.

Infecções bacterianas: quando nos expomos ao sol podemos ter algumas lesões na pele e por elas podem entrar bactérias que levam a uma infecção (piodermite), ou seja, pus na pele. Se você notar um ponto amarelado na pele procure lavar bem a área com água e sabão. Caso isso não melhore, procure o médico.

Infecções fúngicas: os fungos são seres vivos que têm grande capacidade de sobrevivência e estão em toda parte. A sua proliferação leva ao aparecimento das famosas micoses, mais comuns na virilha e nas áreas úmidas do corpo.

Como evitar: Lavar com água corrente e secar muito bem todo o corpo. Não ficar com a roupa de banho molhada!

Infestações: como por exemplo, a larva migrans (bicho geográfico), que é transmitida pelas fezes de cachorros e gatos que eventualmente passeiam pela praia.
Como evitar: Não levar animais de estimação para a praia.

Insolação: quadro mais grave de perda de água (desidratação) causada pela exposição exagerada e sem proteção ao sol. Caso a pessoa comece a sentir-se enjoada ou com tonturas, a primeira conduta é ficar num lugar com sombra e fresco, com ar corrente. Ingerir o máximo de líquidos possível. Água ou isotônicos são os mais indicados.

Como evitar: ter o bom senso na hora de se expor ao sol, procurando as horas mais adequadas, como antes das 10 da manhã e depois das 4 da tarde.
Acidentes traumáticos: cortes com elementos corto-perfurantes costumam ser comuns nas praias, especialmente aquelas não muito limpas. A primeira conduta é lavar bem o local do ferimento com água e sabão. A segunda é verificar a validade da vacina contra tétano.

Como evitar: procure andar com sandália na praia. Nunca deixe latas ou garrafas na praia. Coloque o lixo no lixo.

Acidentes com animais marinhos: certos animais marinhos liberam produtos que são tóxicos para a pele. Assim, por exemplo, água viva, mesmo morta pode agredir a pele causando queimaduras químicas. Quando isso ocorre, deve-se lavar a área com água corrente e aplicar um creme com corticosteróide.
Como evitar: Procure só nadar em lugares conhecidos e não toque nesses animais quando eles aparecerem na areia. Não havendo melhora rápida, procure orientação do seu pediatra.

Curta o verão que se aproxima e aproveite bem suas férias, mas não deixe de proteger sua pele e de suas crianças.

Relatores:
Antonio Carlos Madeira de Arruda –
Presidente do Departamento de Dermatologia da SPSP – gestão 2007-2009; Diretor do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, São Paulo, SP
Valcinir Bedin – Membro do Departamento de Dermatologia da SPSP – gestão 2007-2009; Diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, São Paulo, SP.

Texto recebido em 13/11 e divulgado em 17/11/2008.