Período neonatal: nesse período, a pneumonia bacteriana quando associada à corioamnionite é causada mais freqüentemente por enterobactérias gram-negativas ou Streptococcus agalactiae. Contudo, Haemophilus influenzae, pneumococos, Listeria sp. e anaeróbios podem estar envolvidos. O tratamento inicial inclui o uso de ampicilina associada a uma cefalosporina de terceira geração (preferencialmente cefotaxima). Alternativamente, pode-se utilizar um aminoglicosídeo (gentamicina ou amicacina) particularmente se não houver evidências de meningite. O tratamento deve ser continuado por pelo menos 10 dias, porém nas infecções por gran-negativos podem ser requeridos 14 a 21 dias.
Lactentes jovens: o pneumococo é o agente mais comum de pneumonia bacteriana nesse grupo etário, outros agentes incluem: Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis e Haemophilus influenzae. Os lactentes sem sinais de toxemia, desconforto respiratório ou hipoxemia podem ser tratados ambulatorialmente com amoxicilina por 7 a 10 dias. Os casos internados podem receber inicialmente ampicilina EV. Caso não ocorra melhora clínica em 48 a 72 horas, deve-se suspeitar de infecção por Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis produtora de beta-lactamases, Staphylococcus aureus ou pneumococo de sensibilidade intermediária ou resistente a antibióticos beta-lactâmicos. Nessa situação pode-se empregar amoxicilina–clavulanato ou cefuroxima ou ceftriaxona por via intravenosa. Vírus e outros agentes não bacterianos são também muito importantes nesse grupo etário como causa de pneumonias: vírus respiratório sincicial, influenza, parainfluenzae, adenovirus, Chlamydia trachomatis e Citomegalovírus. A infecção por Chlamydia trachomatis e Citomegalovírus podem produzir um quadro de pneumonia afebril ou sub-febril, clinicamente indistinguíveis e o diagnóstico pode ser efetuado por exames sorológicos específicos. Recomenda-se a introdução de eritromicina por 10 a 14 dias. Alternativamente pode-se utilizar azitromicina ou claritromicina.
Pré-escolares: o pneumococo continua sendo o agente mais comum de pneumonias. Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Legionella pneumophila e vírus respiratórios podem causar pneumonias atípicas. O diagnóstico laboratorial de pneumonias atípicas pode ser confirmado através da pesquisa de vírus por imunofluorescência em secreção de nasofaringe e testes sorológicos específicos. O tratamento deve ser feito com eritromicina ou claritromicina por um período de 10 a 14 dias ou azitromicina por 7 dias. As tetraciclinas, apesar de serem efetivas, não devem ser administradas em crianças. A levofloxacina é uma opção para crianças com idade superior a 12 anos.
Escolares e adolescentes: nessa faixa etária o pneumococo continua sendo um agente importante, porém Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae são agentes significantemente prevalentes. O tratamento ambulatorial pode ser realizado com amoxicilina e, nos casos em que houver suspeita clínica de infecção por Mycoplasma ou Chlamydia, deve-se introduzir um macrolídeo (eritromicina, claritromicina ou azitromicina) ou opcionalmente levofloxacina para crianças acima de 12 anos de idade.
Relator: Dr. Joaquim Carlos Rodrigues
Presidente do Departamento de Pneumologia da SPSP – gestão 2007-2009; Professor Colaborador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP; Chefe da Unidade de Pneumologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, São Paulo, SP.
Matéria publicada em Pediatra Informe-se – Boletim da SPSP Ano XXIV – No 140– julho/agosto 2008
Assessoria de Imprensa – SPSP