A qualidade de vida em Atenção Domiciliar (Home Care) pode ser melhor do que em ambiente hospitalar. A internação domiciliar é capaz de oferecer um atendimento individualizado e personalizado, adaptado às necessidades específicas do paciente, da família e do ambiente em que vivem, gerando adesão ao cuidado e bons resultados assistenciais.
Por que considerar a internação domiciliar?
- Conforto e privacidade:
A criança sente-se mais à vontade em casa, pela familiaridade do ambiente e a possibilidade de manter suas rotinas e hábitos. Este contexto favorável é capaz de diminuir o estresse e a ansiedade e proporcionar sensação de segurança e tranquilidade.
O ambiente acolhedor apoia positivamente no eficaz controle da dor e de sintomas desagradáveis, gerando impactos positivos para a saúde do paciente.
- Menor risco de infecções:
A internação domiciliar reduz a exposição a germes e bactérias hospitalares, diminuindo o risco de infecções. No ambiente domiciliar existe apenas um paciente, os profissionais cuidam apenas daquele paciente e não circulam de leitos em leitos, de forma que existe uma “barreira física” para transmissão de agentes infecciosos, como vírus e bactérias, fato que ficou bastante evidente na pandemia. Quando se fala em transmissão de infecção não existe dúvida: o lugar mais seguro para o paciente é em casa.
- Maior autonomia e independência do pequeno paciente:
Estar em casa permite que o paciente tenha autonomia e independência máxima dentro das possibilidades da sua condição de saúde, o que contribui para a saúde mental e desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
- Envolvimento da família:
Os familiares podem participar mais ativamente do cuidado e do tratamento, proporcionando suporte emocional e promovendo um ambiente positivo para a cura que fortalece os laços e contribui para a recuperação do paciente. O vínculo e apoio dos pais têm papel crucial no desenvolvimento de toda criança, e a internação domiciliar potencializa esse vínculo para aqueles que mantêm necessidades contínuas de cuidados de saúde.
- Acompanhamento individualizado e personalizado:
A Atenção Domiciliar possui uma equipe interdisciplinar, composta por médicos pediatras, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistente social, nutricionista, entre outros. Essa equipe de saúde atua de forma integrada, com foco no paciente, visando construir um plano de cuidado personalizado para as necessidades individuais do paciente, o que pode melhorar a resposta ao tratamento, a recuperação, o desfecho clínico e a satisfação do paciente e família.
- Redução do estresse e fadiga:
A Atenção Domiciliar reduz a necessidade de deslocamentos frequentes, reduzindo o estresse e a fadiga associados às viagens para hospitais ou clínicas para consultas, exames e terapias.
- Humanização do atendimento:
Em domicílio é mantida a interação da criança com os membros da família, amigos, animais de estimação, brinquedos, etc., o que permite um cuidado mais humanizado, que tem como um dos pilares o bem-estar e a qualidade de vida do paciente e seus familiares.
- Melhoria na resposta ao tratamento:
A equipe que atende em domicílio é submetida a capacitação técnica contínua, através de programas de educação continuada. A atuação dessa equipe capacitada de forma interdisciplinar e centrada no paciente, em associação a um ambiente confortável e acolhedor e ao apoio da família, contribui positivamente para uma melhor resposta ao tratamento e uma recuperação mais rápida.
O acompanhamento contínuo das crianças em domicílio, através de múltiplas visitas domiciliares e de monitoramento periódico, ajuda na prevenção de complicações e identificação precoce de descompensações clínicas.
Quem são os pacientes habitualmente atendidos em domicílio no Brasil?
- Crianças com doenças crônicas, que tornam o paciente dependente de cuidado, como:
- Doenças neurológicas, doenças cardíacas e respiratórias
- Doenças neuromusculares: atrofia muscular espinhal (AME), distrofia muscular de Duchenne, entre outras
- Sequelas ou complicações de prematuridade
- Pacientes com doenças agudas como:
- Bronquiolite
- Crise asmática
- Infecção urinária, pneumonia e outras infecções
- Pacientes em cuidados paliativos, oncológicos e não oncológicos:
- Pacientes com indicação para administração de medicamentos parenterais ou nutrição parenteral
Quais são os principais recursos disponíveis no Atendimento Domiciliar?
- Equipe multiprofissional – visitas domiciliares de médicos pediatras, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistente social, nutricionista, terapeuta ocupacional;
- Técnico de Enfermagem em atendimento pontual ou turnos de plantão de 12 ou 24 h;
- Equipamentos: oxímetro, aspirador, ventiladores mecânicos, bomba de infusão, etc.;
- Administração de medicação por via oral, por sonda ou gastrostomia, por via subcutânea e endovenosa;
- Administração de nutrição parenteral;
- Cuidados com a pele e ostomias;
- Atendimento de Emergência.
O atendimento domiciliar pediátrico é uma estratégia eficaz para oferecer cuidados de baixa, média e alta complexidade, assegurando intervenções seguras, personalizadas e centradas na criança e família.
Relatora:
Valentina Rinaldi V. D. Estrada
Membro do Departamento Científico de Atenção Domiciliar da Sociedade de Pediatria de São Paulo