Retrospectiva Momento Saúde: alergias

Retrospectiva Momento Saúde: alergias

alergiaApresentamos – nesta época de férias – uma retrospectiva de todos os artigos publicados em nossa coluna Momento Saúde, criada em 2017 pela equipe do blog Pediatra Orienta para que você possa ter informações rápidas sobre um determinado tema de relevância para a saúde das crianças e adolescentes, com textos curtos e de linguagem simples.

Começamos com:
Alergias

 

Quais as alergias mais comuns nas crianças?

Às vezes se tem a impressão que todo mundo é alérgico! E, de fato, as doenças alérgicas estão entre as enfermidades mais frequentes na população pediátrica, especialmente se considerarmos as doenças não infecciosas.

É importante saber que as alergias são resultado de uma resposta inadequada do nosso sistema de defesa – o sistema imunológico – que interpreta como inimigos uma série de substâncias do nosso dia a dia. Ácaros presentes na poeira da casa, epitélio de animais como cães ou gatos e bolor estão entre os principais desencadeantes de alergia, mas alimentos como o leite de vaca e a clara de ovo ou mesmo medicamentos também podem levar a desencadeamento de sintomas.

De um modo geral, as alergias podem acometer até 20% da população pediátrica, sendo as manifestações respiratórias as mais frequentes. Um grande estudo epidemiológico concluiu que, no Brasil, cerca de 25% dos adolescentes podem apresentar alguma alergia, com destaque para a rinite alérgica. Na sequência temos a asma e a conjuntivite alérgica. A dermatite atópica, uma doença alérgica de pele, pode acometer até 10% das crianças, que apresentam sintomas como lesões descamativas e uma coceira que traz um grande comprometimento da qualidade de vida. Finalmente temos as alergias alimentares, sendo a alergia à proteína do leite de vaca a mais frequente aqui no Brasil. Embora menos frequente, a alergia alimentar é a causa mais comum de anafilaxia, um evento alérgico grave que pode colocar a vida das crianças em risco.

Estamos diante de doenças frequentes que precisam ser diagnosticadas e adequadamente tratadas.

Primeiros sinais de alergias na infância

Os sinais mais comuns das alergias respiratórias são a coceira no nariz e espirros frequentes, podendo ser acompanhados de secreção e entupimento nasal. Quando esses sintomas acontecem repetidamente podem indicar rinite alérgica. Muitas vezes, a criança também apresenta vermelhidão nos olhos e lacrimejamento constante.

Um sinal de alerta que deve ser avaliado rapidamente é a tosse seca com dificuldade para respirar. As crianças pequenas comumente apresentam tosse acompanhada de barulho de assobio (chiado no peito). Os pais devem observar a presença de tosse ao brincar, ao dar risada e ao esforço físico, pois a presença desses sintomas ajuda no diagnóstico de asma.

Alguns sinais são perigosos e devem ser avaliados imediatamente pelo médico, como coceira e vermelhidão com placas inchadas na pele, vergões, inchaço nos lábios, língua, orelhas ou olhos com sensação de desconforto na garganta, falta de ar, dificuldade para respirar, rouquidão e até sensação de desmaio. Esses sintomas podem ser causados por alimentos, medicamentos, picada de insetos e outros agentes.

Os sinais de pele que aparecem com maior frequência pela primeira vez nas crianças pequenas são as lesões avermelhadas, úmidas, que coçam muito e pioram de intensidade à noite, acometendo o rosto, couro cabeludo e superfície extensora do corpo. Permanecem piores por um tempo e depois melhoram. Essas lesões são características da dermatite atópica.

Outros sinais como dor abdominal, excesso de gases, vômito, diarreia, prisão de ventre e dificuldade de alimentação podem estar relacionados a alergias alimentares.

Como prevenir alergias na criança

O tratamento das alergias em crianças envolve o uso de medicamentos e medidas de profilaxia (prevenção) ambiental. É essencial que os pais/responsáveis tenham conhecimento desses procedimentos relacionados com a prevenção da exposição da criança alérgica às substâncias que provocam alergias e que tenham envolvimento na execução dessas medidas no domicílio em que a criança reside.

As principais medidas de prevenção das alergias são:
1. Evitar carpetes, tapetes, cortinas e quaisquer outros móveis estofados de tecidos que sejam depósitos de poeira.
2. Proteger colchões e travesseiros com capas de material sintético (antiácaros).
3. Evitar cobertores de lã ou chenile, dando preferência para colcha de piquê, algodão ou edredon de material sintético.
4. Lavar a roupa de cama semanalmente em água quente.
5. Manter o quarto bem arejado e ventilado, procurando evitar umidade e mofo.
6. Preferir pintura lavável nas paredes.
7. Fazer a limpeza da casa exclusivamente com pano úmido e aspirador de pó. Evitar vassouras, escovas, panos secos ou espanadores. Estes mesmos cuidados devem ser tomados com o automóvel.
8. Retirar a criança do domicílio no horário de limpeza.
9. Não utilizar umidificadores ou vaporizadores porque estimulam o crescimento de ácaros e fungos.
10. Evitar animais domésticos como cachorros, gatos e pássaros dentro do domicílio.
11. Evitar brinquedos de pelúcia ou tecido.
12. Manter armários, depósitos, caixas de brinquedos e bibliotecas limpos e fechados.
13. Não utilizar inseticidas, tintas, desodorantes ambientais e outras substâncias de odor ativo.
14. Evitar talcos e perfumes.
15. Não fumar em recintos fechados como domicílio ou automóvel.
16. Estimular a criança a praticar esportes ao ar livre.
17. Manter limpos os filtros de aparelhos de ar-condicionado, tanto no domicílio como no automóvel.
18. Se houver paredes ou móveis mofados, preparar solução aquosa de hipoclorito de sódio ou ácido fênico a 5% e borrifar sobre as partes atingidas, até que seja possível reparo definitivo.

Alergia: quando levar ao médico?

Alergias podem causar uma grande variedade de sintomas e frequentemente interferem com a qualidade de vida. Em alguns casos extremos podem até colocar a vida em risco. Portanto, sempre que há suspeita de alergias (vide primeiros sinais) recomenda-se procurar um médico. Ele poderá auxiliar a diagnosticar corretamente a doença, identificar as substâncias que causam os sintomas, ensinar como evitá-las e prescrever medicamentos para controlar os sintomas da alergia, se necessário.

Nos casos leves e não complicados, deve consultar com seu médico pediatra. Já os casos mais complicados, quando há dúvidas sobre as substâncias que causam os sintomas ou se o tratamento prescrito não traz o resultado esperado, recomenda-se uma consulta com o médico especialista em alergia. Agora, nos casos graves, como na anafilaxia (reações fortes com falta de ar, desmaio, choque), uma consulta com o especialista é indispensável.

O médico alergista vai auxiliar em:
• Confirmar se os sintomas são causados por alergia – muitas vezes os sintomas se confundem com outras doenças como resfriados, intolerância alimentar, efeitos colaterais de medicamentos, etc.
• Identificar as substâncias responsáveis pela alergia fazendo exames mais específicos, como testes cutâneos, teste de contato, testes de provocação e exames laboratoriais. Sabendo o que realmente causa ou não causa os sintomas ajuda a prevenir as crises.
• Prescrever o tratamento mais adequado para controlar os sintomas da alergia – muitas vezes o tratamento requer várias medicações e necessita reajuste conforme a gravidade dos sintomas.
• Acompanhar a eficácia do tratamento – muitas vezes o tratamento requer várias medicações e necessita reajuste conforme a gravidade dos sintomas.

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Relator:
Departamento Científico de Alergia e Imunologia da SPSP.

Republicado em 5/12/2018.

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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