Saúde Oral da Criança e do Adolescente

Relatoria: Grupo de Saúde Oral da SPSP
Lúcia Coutinho (coordenadora), Dóris Rocha Ruiz, Silvia José Chedid, Adriana Mazzoni, Carla Di RagoTodescan, Cristina G. Del Conte Zardetto, Liliana Ap. Mendonça V. Takaoka, Maria do Carmo Carvalho Bertero, Patricia Camacho Roulet, Regina Donnamaria Morais, Renata Di Francesco, Sylvia Lavinia Martini Ferreira, Vera Regina Mello Dischekenian

Quais os motivos para evitar o uso de mamadeiras e enfatizar a importância do aleitamento materno?
Dentre os muitos motivos pelos quais a amamentação deve ser incentivada inclui-se o desenvolvimento de todo o sistema estomatognático. Enquanto o aleitamento materno requer a ação de um grupo muscular complexo no movimento da mandíbula (perfeita sincronia entre deglutição e respiração), a sucção de mamadeira envolve menor quantidade de músculos, por que acontece apenas o abaixamento da mandíbula sem protrusão. A presença do bico artificial e a entrada de ar no recipiente dificultam a sincronia entre deglutição e respiração, facilitando o desenvolvimento da respiração bucal.

Meu filho tem 9 meses de idade e ainda não tem uma alimentação complementar ao leite materno. Devo inserir alimentos em sua dieta?
Independente da criança estar em aleitamento materno ou artificial, a introdução da alimentação complementar é essencial quando a criança completa seis meses. Nessa idade, o leite materno e a fórmula infantil deixam de suprir as necessidades nutricionais e funcionais da criança, devendo ser complementados com novos alimentos.
A introdução da alimentação complementar deve evoluir de forma gradativa, respeitando o desenvolvimento da criança. Ela deve ser cautelosa quanto ao fracionamento, consistência e utensílios utilizados. A sucção exclusiva dá lugar à mastigação, favorecendo o crescimento mandibular, estimulado pelos movimentos látero-protrusivos unilaterais e alternados (direita e esquerda) desencadeados pela textura dos alimentos. A consistência das papas de frutas e papas salgadas deve evoluir de pastosa e semi-sólida (com pedaços), para chegar à sólida possibilitando à criança receber a alimentação da família por volta dos 12 meses. Vale lembrar que a introdução deve ser iniciada independentemente da erupção da dentição decídua e que utensílios como peneira e liquidificador não devem ser utilizados, devendo-se restringir o amassamento das frutas e papas ao uso do garfo.

Venho percebendo que minha filha tem uma mastigação deficiente, pois quando coloco carne na refeição, ela rejeita. Por quê?
A mastigação é uma função adquirida, portanto a criança deve ser estimulada e treinada para mastigar. É importante o período de transição da mastigação onde a criança passa da alimentação líquida para pastosa e da pastosa para sólida. A partir de um ano de idade onde ela já apresenta seus primeiros dentes ela deverá estar comendo alimentos amassados ou em pequenos pedaços com diferentes consistências. Uma criança que não teve sua mastigação estimulada pode ter sua musculatura alterada e com isto apresentar uma mastigação ineficiente, que pode levar a uma diminuição do crescimento orofacial. A carne é um alimento que por apresentar fibras, a criança não consegue mastigar caso não tenha sua musculatura de mastigação bem desenvolvida.
Quais características clínicas devem ser avaliadas pelo ortodontista em uma primeira consulta?
Problemas vinculados a respiração, como a respiração oral, avaliação do vedamento labial e postura correta e função da língua durante a deglutição. A orientação de uma dieta de consistência adequada, com a oferta de alimentos duros, secos e fibrosos também é muito importante, pois a criança quando mastiga, estimula o crescimento dos arcos dentários.

O adolescente pode fazer clareamento dental?
No caso do clareamento dental, os adolescentes mais jovens (menores que 16 anos) apresentam dentes com esmalte imaturo e mais poroso, portanto mais sujeitos a hipersensibilidade, neste caso não é indicado o clareamento vital. Existem alguns problemas sistêmicos, que quando presentes, podem contra indicar o clareamento dental, tais como: asma, respiração bucal, hipersensibilidade a compostos de hidrogênio, desordens respiratórias e digestivas, xerostomia, bruxismo, entre outros.

Por que o uso de piercing lingual é contra indicado?
O piercing poder causar trauma ao osso e dentes adjacentes resultando em reabsorção e fraturas dentárias e dificultar a higiene levando a halitose e infecção, além de ser vetor de transmissão de vírus, tais como: HIV, hepatite (B, C, D e G), herpes simplex, entre outros. O adolescente que apresentar piercing deve ser alertado pelo seu dentista sobre estes riscos e orientado sobre a melhor forma de higienizar a boca.

Texto divulgado em 12/12/2012