Os atuais surtos de varicela, popularmente conhecida como catapora, nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, onde respectivamente 13 mil e 10 mil pessoas foram infectadas somente neste ano, aumentaram a procura pela vacina e por mais informações sobre a doença. Tanto que as doses para imunização estão em falta nos dois Estados.
A catapora é uma doença benigna (que evolui para a cura) na grande maioria dos casos. E é exatamente por essa característica que as pessoas se esquecem de que o cuidado é necessário, pois o vírus é altamente contagioso.
Para entender como esse processo ocorre e como se prevenir contra a catapora, o R7 tirou as dúvidas mais comuns sobre a doença com o Ministério da Saúde e com o pediatra e infectologista Marco Aurélio Sáfadi, professor da Faculdade Santa Casa, em São Paulo, e membro do departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O que é a varicela?
A varicela ou catapora é uma doença infectocontagiosa provocada pelo vírus VVZ (vírus varicela zoster), da família dos chamados herpesvírus. Sua incidência predomina dos cinco aos nove anos de idade, mas pode acometer também crianças mais novas e adultos – sendo que nestes casos pode provocar mais complicações. Tem um período de incubação de mais ou menos 14 dias (período que vai do primeiro contato com o vírus até o aparecimento dos primeiros sintomas).
Como ocorre o contágio?
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por meio do contato direto com as lesões (feridas) na pele ou com as secreções respiratórias do doente. De forma mais rara, a transmissão pode ocorrer também pelo contato com objetos contaminados com as secreções de pessoas infectadas.
Quais são os principais sintomas?
A febre costuma ser a primeira manifestação da doença, antes do aparecimento das lesões, que começam como pontos avermelhados espalhados pelo corpo. Depois, elas evoluem para bolhas e, por fim, feridas com casca. As lesões aparecem frequentemente no rosto, couro cabeludo, mucosas (narinas e genitais) e causam desconforto e dor.
As crianças são as principais vítimas?
A maior parte dos casos registrados de catapora atinge crianças na faixa etária de três a cinco anos, podendo chegar à idade escolar. Na grande maioria dos casos, a catapora é benigna na infância e não provoca grandes complicações de saúde. A exceção ocorre quando há problemas de imunidade, como em pessoas que passam por tratamentos contra câncer ou são portadoras do vírus HIV. O ideal é evitar a infecção, por meio da vacina.
A catapora em adultos é mais perigosa?
De maneira geral, adolescentes e adultos que contraem a doença têm quadros com mais sintomas, ou seja, apresentam mais lesões (feridas) e febre mais duradoura. Isso porque o sistema imunológico (responsável pelo combate a infecções), que é mais rigoroso do que o de uma criança, reage de maneira mais agressiva ao vírus.
É indicado juntar uma criança sadia a outra com catapora para “pegar mais rápido” a doença?
Não. O ideal é vacinar a criança que nunca teve a doença e entrou em contato com a pessoa infectada. Se a pessoa que entrou em contato com alguém infectado tomar a vacina em cinco dias, estará imunizada. Isso evita que a criança pegue a doença e adquira formas mais graves, caso tenha algum problema na imunidade.
A contaminação é mais comum na primavera?
No Brasil não existe a obrigatoriedade de notificar todos os casos de catapora. Por isso, não há estimativas precisas. Classicamente, mais casos de catapora aparecem entre o fim do verão e início da primavera, período no qual o vírus encontra mais condições de se disseminar.
Como tratar?
O tratamento específico para catapora é indicado somente para pessoas com baixa imunidade. Elas recebem medicação de acordo com cada caso. Na maioria dos casos, em especial entre as crianças, basta tratar os sintomas, ou seja, dar remédios para a febre e dor e evitar que a criança coce muito as feridas.
A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde?
A vacina está de fora do calendário de vacinação do governo e não é oferecida no SUS (Sistema Único de Saúde) para toda a população, com exceção dos CRIEs (Centros de Referências para Imunobiológicos Especiais), que trata portadores de deficiência imunológicas, onde as doses estão disponíveis de graça. Mas, segundo o manual da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, a vacina também é indicada quando ao menos um caso é notificado em locais como creches e hospitais. Depois da confirmação, profissionais de saúde e crianças na faixa etária de nove meses e seis anos devem ser vacinados.
Quem deve tomar a vacina?
A vacina é indicada para os seguintes grupos de risco: profissionais que trabalham em hospitais e creches em que os pacientes possam pegar a doença e pacientes com imunidade comprometida, como portadores de HIV.
Onde posso comprar a vacina, caso eu não pertença a um grupo de risco?
É possível pagar para tomar a vacina na rede privada. A dose custa, em média, R$ 100, sendo necessário tomar ao menos duas. A dose dupla tem o objetivo de reforçar a imunidade contra o vírus, o que evita contrair formas mais graves da doença. A vacina, produzida a partir do vírus varicela zoster atenuado, é considerada eficaz, com 97% de proteção contra o vírus.
Notícia divulgada pela Assessoria de Comunicação da SBP em 5/10/2010.