Traumatismos dentários mais frequentes na criança e no adolescente

Relatoria: Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Lúcia Coutinho (coordenadora), Dóris Rocha Ruiz, Silvia José Chedid, Adriana Mazzoni, Carla Di RagoTodescan, Cristina G. Del Conte Zardetto, Liliana Ap. Mendonça V. Takaoka, Maria do Carmo Carvalho Bertero, Patricia Camacho Roulet, Regina Donnamaria Morais, Renata Di Francesco, Sylvia Lavinia Martini Ferreira, Vera Regina Mello Dischekenian

 

Meu filho tem 11 meses de idade e está começando a andar, o que posso fazer para prevenir as quedas e os consequentes traumas?
A causa mais comum para os traumatismos nos dentes decíduos são as quedas quando a criança está aprendendo a andar, por volta dos 10 a 36 meses de idade. Para prevenção dessas quedas, evita-se o uso de andadores, sapatos e calças maiores que a criança, e recomenda-se que ela fique descalça, use meias antiderrapantes ou sapatos ortopédicos com sola de borrachas adequados para a sua idade, tomando cuidado com pisos molhados.

Minha filha tem 4 anos de idade e caiu, avulsionando seu dente da frente. O que devo fazer?
Avulsão é o deslocamento total do dente para fora do seu alvéolo, devido ao rompimento de todas as fibras do ligamento periodontal. Pode ocorrer fratura do osso alveolar e laceração gengival. Normalmente, o reimplante (colocação do dente dentro de seu alvéolo) não é realizado em dentes decíduos por falta de condições técnicas, e pelo risco de lesar o germe do dente permanente. Consulte o odontopediatra, que vai avaliar a idade e a maturidade da criança, para poder indicar o uso de prótese fixa ou removível.    (mantenedor de espaço). A prótese irá devolver forma e função a este arco dentário, além de restabelecer a estética, fato importante para a criança no seu convívio social.

O que se deve fazer imediatamente após uma avulsão de dente permanente?
Neste caso está indicado o reimplante. Para isso é essencial: encontrar o dente segurá-lo pela parte da coroa, lavar em água corrente, NUNCA ESFREGAR A RAIZ, recolocar o dente dentro do alvéolo, ou seja, no mesmo local que ele ocupava na arcada dentária, imitando a posição dos dentes vizinhos e manter sobre pressão e em seguida procurar um dentista para que seja feito a contenção e os acompanhamentos devidos. Quando o reimplante imediato não é possível, colocar o dente num pote com água ou soro fisiológico e levar rapidamente a criança com o dente hidratado para o dentista. Quanto mais cedo o atendimento odontológico, maiores são as chances de sucesso do reimplante.

Meu filho caiu e bateu o dente da frente, que ficou escurecido assim que o trauma ocorreu. Como devo proceder nesse caso?
O escurecimento do dente pode ocorrer imediatamente após o trauma devido à hemorragia pulpar, o correto é o acompanhamento pelo odontopediatra. No caso de escurecimento tardio, o dente pode ter sofrido uma necrose pulpar (morte da polpa), podendo apresentar uma fístula. Oodontopediatra fará uma avaliação clínica e radiográfica e será necessário o tratamento endodôntico (tratamento de canal), p ara que este dente não seja perdido precocemente.Quanto mais rápido for o atendimento após o traumatismo buco dentário, melhor o prognóstico do caso.

Minha filha de 3 anos caiu, bateu a boca e perdeu um incisivo central superior decíduo. Ela pode usar uma prótese fixa?
Sim. A prótese fixa com cursor conhecida como prótese de Denari, serve para substituir o dente de leite perdido e manter o espaço para o dente permanente sucessor. Embora seja fixa, esta prótese não altera o crescimento dos arcos dentários da criança, pois acompanha este crescimento. Apresenta entre os incisivos centrais um cursor com encaixe, que vai se abrindo à medida que a maxila vai crescendo e se desenvolvendo no sentido transversal. O odontopediatra deverá fazer controle periódico para avaliar a higiene, se a prótese está bem adaptada, se sofreu deslocamento ou fratura e controleradiográfico para acompanhar o estágio de formação d o dente permanente sucessor e determinar o momento oportuno para a remoção desta prótese.


Texto divulgado em 12/12/2012