Uso responsável de telas e tecnologia

Uso responsável de telas e tecnologia

O uso de tecnologias por crianças e adolescentes cresce de forma rápida e descontrolada.

É fascinante esse mundo imediato que oferece milhares de possibilidades na busca de informações, comunicação, conexão com o mundo e diversão.

Bem-vindo a esse universo, conhecido como ambiente digital: o “on-line”, das interações virtuais, que teima em superar o “off-line”, das interações reais.

Sim, as crianças e adolescentes têm o direito de “passear” pelo ambiente digital. Mas, na qualidade de pais, adultos responsáveis e como sociedade, temos o dever de promover e garantir o acesso saudável e seguro, com proximidade, supervisão e muito diálogo.

 Como agir?

Deve-se considerar todos os contextos que englobam a navegação, exposição e vulnerabilidade de crianças e adolescentes.

  • Para os que acessam e/ou assistem – o conteúdo é apropriado para idade e maturidade?

– Os conteúdos assistidos e os aplicativos “baixados” são de conhecimento e entendimento dos responsáveis? Reconhecem todos os ícones?

 

 



– Estão cientes de que aplicativos e redes sociais apresentam classificação indicativa que precisa ser respeitada? (WhatsApp, Instagram, TikTok e X – antigo Twitter)

  • Como é a interação com dispositivo – utiliza sozinho, com amigos e/ou com adulto?
  • Local em que acessa – em casa: no quarto/na sala e/ou em ambiente não controlado?
  • Qual a finalidade do uso – aprendizado, distração, regulação emocional?
  • Em quais momentos do dia a rede é acessada – durante as refeições, em eventos familiares, antes de dormir ou sem nenhum controle de tempo?

 Como controlar o acesso aos dispositivos móveis?

Recomenda-se que crianças menores de 12 anos não possuam smartphone próprio. Um assunto um tanto polêmico, mas é necessária a abordagem entre as famílias. Reforçando que cada família tem um papel importante, como modelo, na convivência on-line.

Os acordos sobre tempo de telas precisam ser claros e o adulto precisa participar ativamente do que foi definido como momentos “on-line” e momentos “off-line”.

Assim, ficam estipulados o tempo diário de navegação, o local de uso das telas, as verificações periódicas dos conteúdos navegados e das atividades recentes nos dispositivos.

Nos momentos “on-line”, o uso criativo e compartilhado de conteúdos, jogos e séries aproxima diferentes gerações e os olhares se complementam. Uma oportunidade para contribuir com a construção de futuros adultos: atentos, críticos e responsáveis. Capazes de reconhecer suas habilidades emocionais e exercerem o direito à cidadania.

 Exposição nas redes sociais – um alerta

Um tema recorrente e atual reacende a discussão sobre a exposição de crianças e adolescentes nas mídias sociais. Na maioria das vezes, despretensiosa e inocente. Pais e/ou filhos postam sobre o dia a dia, passeios e viagens; entram em trends (dancinhas para se divertirem). Esses vídeos e imagens são entregues, pelos algoritmos das plataformas, indiscriminadamente, e podem ser deturpados por quem consome.

A Inteligência Artificial colabora com essa nova realidade. A partir dela, geram-se conteúdos impróprios através da distorção de imagens reais. O que se torna atraente para quem só tem um objetivo: monetização e lucro, alimentando uma rede de crimes contra crianças e adolescentes.

 A importância da mediação familiar

É importante promover o diálogo e reflexão com as crianças e adolescentes sobre os riscos e benefícios do uso das telas. Esse comportamento previne riscos, estimula o autoconhecimento e fortalece as relações.

O uso responsável de telas vai muito além do mero limite de tempo: extrapola na preocupação em direcionar escolhas através de um “menu digital” atento na classificação indicativa de cada aplicativo e plataforma; amplia-se para o conhecimento sobre as camadas de segurança na internet, que são educação, diálogo aberto, supervisão parental e a utilização de ferramentas adequadas (filtros parentais e dos próprios serviços e apps que restringem os conteúdos contraindicados para a faixa etária).

Reflexão

É urgente que monitoremos os usos dos dispositivos móveis e que verifiquemos com frequência o uso de todas as plataformas consumidas por nossas crianças e adolescentes. Como proteção e não punição. O estabelecimento de regras claras, limites e conversas sistemáticas são ações que garantirão o direito a uma navegação segura no ambiente digital saudável. Fiquemos atentos com quem e onde estão sendo compartilhados vídeos e imagens pessoais. E se essa exposição exagerada se faz, de fato, necessária.

Eles merecem todo esse cuidado.

Relatora:
Betina Lahterman
Presidente do Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo