26 de março – Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia

26 de março – Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia

Hoje, 26 de março de 2024, Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia, é uma data significativa para o incentivo da consciência sobre essa doença disseminada e conhecida em todos os cantos deste nosso mundo. Sua ocorrência afeta pessoas de todas as raças e classes socioeconômicas, e de todas as idades, desde os recém-nascidos às pessoas idosas, homens e mulheres. Preferencialmente ocorre nos mais jovens e idosos.

Considera-se a epilepsia como doença cerebral crônica e persistente, na qual o indivíduo apresenta tendência a ter convulsões. Essa cronicidade, bem como a ocorrência permanente de crises convulsivas, nem sempre é definitiva, pois existem formas que podem regredir e desaparecer com tratamento.

Sua incidência média em crianças acontece em 7/100.000 e a prevalência é de 65,2/10.000, variando de acordo com a idade.

Nos casos mais brandos, com medicamentos adequados e com eficácia reconhecida, as convulsões poderão ficar controladas ou mesmo serem raras. Especialmente nessas crianças, o neurodesenvolvimento irá se processar de modo normal, tanto motor, psíquico, na aprendizagem e na sua socialização.

Nos casos mais severos, em que ocorrem episódios convulsivos frequentes e/ou demorados, por meses ou anos, determinados por lesões encefálicas pelos mesmos motivos já citados, pode-se verificar comprometimento funcional múltiplo, como deficiência mental, transtornos psiquiátricos com alterações comportamentais, com prejuízo importante em seu processo de desenvolvimento. São observados mais comumente em casos de lesões cerebrais determinadas por traumas, anoxia perinatal, doenças metabólicas congênitas, por anormalidades congênitas, malformações cerebrais.

Importante esclarecer que as ocorrências de convulsões eventuais nem sempre são consideradas epilepsia. Uma crise ocorrida em traumatismos cranianos leves, sem deixar lesão cerebral, poderá não mais se repetir se a criança tiver seus exames clínicos e laboratoriais normais no futuro, sem necessidade de tratamento. Do mesmo modo, convulsões ocorridas em transtornos eletrolíticos, como na hipocalcemia, e que foram corrigidas, as mesmas não se repetirão.

Com relativa frequência observamos em crianças convulsões determinadas por febre que se eleva rapidamente, mais comum na idade de 6 a 18 meses, em que não há doença cerebral concomitante. Constitui condição benigna na maior parte dos casos, mas sempre serão necessárias avaliação especializada e mesmo realização de exames laboratoriais pertinentes se anormalidades neurológicas forem constatadas.

A ocorrência de convulsão, principalmente o tipo leigo mais conhecido, é a crise tônico-clônica generalizada, na qual há perda de consciência, queda e movimentos sucessivos de flexão e extensão dos membros superiores e inferiores, com duração em torno de até três minutos. Em geral, os familiares são surpreendidos, ficam aflitos e procuram proteger a criança. Caso ocorra duração maior, a criança deverá ser levada para emergência médica de imediato. Nos casos de curta duração, após cessar a crise, deve-se procurar serviço médico para esclarecimento e conduta.

Fica o recado importante de que na maioria dos casos de epilepsia a evolução e o prognóstico são bons, com o esclarecimento da causa, com tratamento e controle dos episódios convulsivos. E que o futuro siga fazendo acenos otimistas.

 

Relator:
Saul Cypel
Membro do Departamento Científico de Neurologia e Neurocirurgia da Sociedade de Pediatria de São Paulo