Álcool e Amamentação

Álcool e Amamentação

Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 29/07/2022


Tudo que as mamães que estão amamentando precisam saber:
O leite de uma mulher que amamenta pode conter álcool ingerido pela mãe?

Sim. O álcool consumido por uma lactante é transferido para o leite c por difusão passiva em 30 a 60 minutos após a ingestão materna.

Quais as ações do álcool sobre a amamentação?
O álcool não aumenta a produção do leite materno, ocorrendo mesmo ligeira sua redução, isto porque o álcool inibe o hormônio chamado “prolactina”, que é responsável pela produção do leite encurtando, portanto, a duração da amamentação Além disso, ele também pode alterar o cheiro e o sabor do leite e, por causa disso, ser recusado pela criança promovendo, portanto, um impacto negativo não apenas para a lactação, mas também sobre o desenvolvimento da criança.

 Há o mito de que a cerveja Malzbier auxilia as mães/gestantes na lactação. Por que esta informação circula até hoje? Ela é verídica de alguma forma?

Essa informação é realmente um mito e circula até os dias de hoje por “tradição”, por ser veiculada em meios leigos sem se preocuparem com as evidências cientificas a respeito. Na verdade, enfatizamos que o álcool não estimula o aleitamento, mas antes pelo contrário, o inibe. Portanto, a mãe que está amamentado não deve ingerir bebidas alcoólicas de nenhum tipo.

Quais os efeitos do álcool sobre o recém-nascido amamentado por uma puérpera que ingere bebidas alcoólicas?

São vários. Assim, o recém-nascido pode apresentar sonolência, sudorese, sono profundo, fraqueza, e como consequência ganho anormal de peso e diminuição do crescimento linear. Além do que, como seu cérebro continua em desenvolvimento, o álcool pode atingir seu sistema nervoso provocando lesões irreversíveis.

A mãe que amamenta está proibida de ingerir bebidas alcoólicas?

Na verdade, a resposta correta é não, mas a ingestão de bebida alcoólica pela mãe que amamenta depende da quantidade e dos intervalos. Efetivamente não é recomendada a ingestão de bebidas alcoólicas pela mãe que amamenta, mas se não for possível evitar, alguns cuidados são mandatórios.  Poderá beber, eventualmente, mas sempre com moderação e observando alguns requisitos como por exemplo, a ingestão de bebidas fermentadas (vinho, espumantes ou cervejas) é preferível em relação às bebidas destiladas como cachaça, tequila, vodka e whisky.  Uma recomendação importante é de que a mãe aguarde, no mínimo, duas horas após a ingestão de álcool para oferecer o peito novamente ao bebê.

Esse período de duas horas recomendado é sempre seguro?

É preciso lembrar que o recém-nascido alimentado em sistema de livre demanda pode ter um ritmo de alimentação bastante irregular, então é preciso ficar atenta a esse fato pois pode ser que o bebê tenha fome antes daquele período/intervalo de duas horas recomendado. Vale lembrar também que o fígado do bebê ainda está imaturo e pode não ser capaz de lidar com a sobrecarga provocada pela metabolização do álcool.

A ingestão de bebidas alcoólicas pela mãe que amamenta pode ter outras consequências?

A Academia Americana de Pediatria alerta que a exposição ao álcool pode prejudicar o julgamento materno e interferir nos cuidados da criança, que vai além além do risco de toxicidade para o lactente amamentado.

Qual seria então uma recomendação geral?

Embora o consumo de álcool durante o período de lactação não seja proibido, deve ser fortemente desaconselhado e, se em último caso for utilizado, o consumo deve ser esporádico, em doses baixas e a ingestão de bebidas fermentadas deve ser preferida à de destilados.

Relator: Conceição Aparecida de Mattos Segre
Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido (SAF) da Sociedade de Pediatria de São Paulo  

Foto: andrew lozovyi | depositphotos.com