Introdução: A criança é um dos principais usuários dos serviços de saúde com uso elevado de medicamentos. A automedicação (sem indicação, via compartilhamento familiar e reutilização de medicamentos) constitui uma prática de risco e está relacionada ao nível de escolaridade e à acessibilidade das medicações no sistema de saúde. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico de casos de intoxicação infantil por automedicação nos últimos 10 anos no Brasil. Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo realizado por coleta de dados no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), vinculado ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram analisadas as notificações de intoxicação por automedicação em crianças de até 14 anos, de ambos os sexos, no período de 2013 a 2023 e excluídos registros com as seguintes características: ignorada, em branco, outras circunstâncias e outros agentes tóxicos. Resultados e discussão: Foram notificados 3.995 casos. Houve aumento progressivo exceto nos anos de 2015 e 2020. A região sudeste registrou maior prevalência (40,4% dos casos), seguida pelo nordeste (31,01%), Sul (19,44%), Centro-oeste (5 %) e Norte (4%). A faixa etária de 10-14 anos teve 55,4% dos casos, seguida por 5-9 anos (18,6%), 1-4 anos (16,5%) e menores de 1 ano (9,7%). O sexo feminino registrou 63,45% dos casos. A grande maior parte (97,82%) evoluiu para cura sem sequelas, enquanto 1% teve sequela e 0,17% deles teve óbito. Conclusão: A automedicação é um problema de saúde pública, principalmente dos 10 a 14 anos e no sexo feminino, com significativos índices de intoxicação, aumento progressivo e presença de sequelas/óbito. Política de prevenção e educação em saúde para pais e cuidadores além da conscientização dos profissionais da saúde para notificação rotineira e correta destes casos contribuirá para campanhas mais eficazes e melhora destes índices.