Introdução: O apêndice, localizado no quadrante inferior direito do abdômen, se origina na face póstero medial do ceco, sendo a apendicite causada por obstrução inespecífica do lúmen apendicular, seguida de crescimento bacteriano intraluminal, inflamação da parede, podendo evoluir com isquemia, necrose e perfuração.
A apendicite de coto refere-se à inflamação do tecido residual do apêndice excessivamente longo, meses a anos após uma apendicectomia.
Descrição do caso: Paciente J.V.A.V, 17 anos, sexo masculino, atendido na emergência com quadro de dor abdominal em flanco direito, com 48 horas de evolução, irradiada para hipogástrio, sem febre ou outros sintomas. Relato de ter sido submetido à apendicectomia por apendicite supurada com comprometimento de alças intestinais e fígado há 13 anos.
Ao exame físico, encontrava-se em regular estado geral, apresentando hemiabdômen direito tenso, principalmente em hipogástrio e fossa ilíaca direita, com descompressão dolorosa.
Os exames laboratoriais revelavam leucocitose com predomínio de neutrófilos e proteína C reativa elevada.
Realizada tomografia de abdome total, sugerindo coto residual do apêndice inflamado/infectado, complicado com abscesso.
O paciente foi submetido à laparotomia, onde foi identificado coto apendicular subseroso com necrose de ponta e fecalito.
Discussão. A apendicite aguda e769, uma das causas cirúrgicas mais comuns de dor abdominal aguda em pacientes pediátricos, principalmente na segunda década de vida. Uma história de apendicectomia prévia pode adiar o diagnostico e o manejo de apendicite de coto devido à semelhança dos sinais e sintomas, podendo levar a perfuração do coto apendicular.
Conclusão: As afecções do apêndice e suas complicações não podem ser excluídas como diagnostico diferencial de dor abdominal em pacientes com apendicectomia prévia, pois mesmo rara, a apendicite de coto apendicular pode ser grave, se tardiamente diagnosticada.