CHOQUE SEPTICO POR CLOSTRIDIUM – UM CASO DESAFIADOR

Introdução:
A colite pseudomembranosa é uma doença diarreica associada à infecção pelo Clostridium difficile. Casos mais graves podem induzir choque séptico, emergência médica que pode culminar com falência múltipla de órgãos e óbito.

Descrição do caso:
TSD, masculino, 13 anos, previamente hígido, iniciou quadro de dor abdominal, êmese e pico febril único (39°C). Ao exame físico, dor em fossa ilíaca direita e Blumberg positivo. Exames laboratoriais: leucocitose sem desvio à esquerda. Após avaliação da cirurgia pediátrica, foi realizada apendicectomia. Apêndice com necrose de terço distal, perfuração, com pequena quantidade de pus localizada. Mantido com ceftriaxone e metronidazol nos 5 dias de internação, recebendo alta com amoxicilina e clavulanato (total de 10 dias de antibiótico).
10 dias após abordagem, evoluiu com vômitos biliosos abundantes, dor em hipocôndrio direito, perda ponderal de 4kg. Procurou novamente o serviço, dando entrada com cianose central, desidratado, hipoxêmico, perfusão lentificada e pulsos finos. Aberto protocolo de sepse, iniciados ceftriaxone e metronidazol. Exames apresentavam leucocitose com desvio à esquerda e PCR elevado. Na primeira hora de internação evoluiu com instabilidade hemodinâmica e hipotensão apesar de volume. Intubado, iniciada adrenalina, passado cateter central. Encaminhado à UTI onde recebeu hemoconcentrado e transicionada terapia antimicrobiana para piperacilina-tazobactam e Metronidazol. Realizada laparotomia exploradora, com distensão de alças, sem sinais de obstrução. No centro cirúrgico iniciou diarreia volumosa. Clostridium nas fezes positivo. Iniciada vancomicina enteral. Evoluiu com melhora sendo extubado e trocada vancomicina por metronidazol.

Discussão:
Foi surpreendente que o quadro se iniciasse de modo tão grave em paciente previamente hígido, com pouco tempo de uso de antibiótico prévio e sem diarreia no início do quadro,
Isso reforça a importância da abordagem precoce da sepse no desfecho e prognóstico.

Conclusão: O rápido manejo de casos de sepse grave ainda que sem etiologia definida pode reverter o prognóstico sombrio e morbimortalidade desses casos.