CHOQUE TÓXICO STREPTOCÓCICO ASSOCIADO A DENGUE GRAVE EM ADOLESCENTE HÍGIDA.

INTRODUÇÃO: Trata-se de um relato de coinfecção do Streptococcus pyogenes e o vírus da Dengue com evolução grave. DESCRIÇÃO DO CASO: L.L.M, 13 anos, previamente hígida, admitida com história de febre há 5 dias, mialgia, hipoatividade, dor abdominal intensa e vômitos. Realizadas medidas iniciais de estabilização na emergência, além de investigação etiológica e transferência para leito de terapia Intensiva. Além dos sintomas da arbovirose, a paciente apresentou sintomas típicos do choque tóxico: descamação de mãos, língua em framboesa, petéquias em palato e, posteriormente, pneumonia com derrame pleural. O diagnóstico inicial direcionou a terapia para dengue grave (NS1 positivo), no entanto, hemoculturas positivas para o Streptococcus pyogenes revelaram uma complexidade adicional. A conduta terapêutica guiada incluiu suporte hemodinâmico e respiratório intensivos, antibioticoterapia e uso de imunoglobulina intravenosa. Cursou com complicações incluindo insuficiência cardíaca congestiva e lesão renal não dialítica, ambas otimizadas com diureticoterapia e suporte vasoativo. Teve 10 dias de internamento na UTI e total de 15 dias de internação hospitalar, recebeu alta sem qualquer sequela. DISCUSSÃO: A síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS) é uma complicação aguda da infecção invasiva por estreptococos do grupo A. Tem sua apresentação clínica desencadeada pela disseminação de toxinas A e sua taxa de morbidade é alta, com a maioria dos casos necessitando de cuidados intensivos. A imunoglobulina intravenosa poliespecífica (IGIV) é recomendada por alguns especialistas como tratamento adjuvante. Diante de uma doença exantemática febril, faz-se necessário o diagnóstico diferencial com as arboviroses. Nossa paciente mesmo apresentando quadro de Dengue grave, não evoluiu com duas das suas principais complicações: plaquetopenia e sangramentos. CONCLUSÃO: A complexidade deste caso vai além da singularidade dessa coinfecção supracitada, mas também pela possibilidade de evolução para um quadro de maior gravidade. Faz-se necessário maior discussão a respeito do tema para o célere reconhecimento da situação e adequado tratamento.