CORÉIA EM UMA PACIENTE COM SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDICA: UM RELATO DE CASO.

Introdução: A síndrome antifosfolipídica (SAF) é uma doença autoimune sistêmica definida por
eventos trombóticos ou obstétricos em pacientes com anticorpos antifosfolipídeos persistentes no
sangue. Embora tenham sido propostos critérios para classificação da síndrome, seu diagnóstico
depende de suas manifestações, que costumam ser inespecíficas. Relatamos um caso suspeito
de SAF atendido em um hospital infantil de Fortaleza-CE.
Relato do caso: M.V., 9 anos, feminino, foi admitida na emergência relatando movimentos
involuntários súbitos de cabeça, extremidades, protrusão da língua e disartria leve há uma
semana. Informa, também, faringoamigdalites de repetição, a última há 7 meses. À ectoscopia,
foi constatada coréia com múltiplas equimoses nos membros, relatadas pela mãe como sendo
traumas devido à ataxia. Os exames iniciais foram ressonância e angioressonância magnética de
crânio normais, ASLO negativo, sumário de urina com 2+ de proteína e VDRL 1:1. Sorologias
virais e investigação do líquor afastaram doenças infectocontagiosas, e ecocardiograma sem
alterações afastou cardite reumática. A piora progressiva da coreia somada ao falso positivo do
treponêmico alertaram a possibilidade de uma reação cruzada com anticorpos autoimunes. Foi
iniciada pulsoterapia empírica com corticoide e, por fim, o FAN resultou 1:160 padrão nuclear
pontilhado fino denso, D-dímero com títulos de 3000 e a pesquisa de antifosfolípides positivos
fecharam o diagnóstico de SAF.
Discussão: A importância deste trabalho ocorre pela existência de uma sintomatologia incomum
a respeito da SAF, que, em geral, é diagnosticada por tromboses arteriais e venosas levando a
complicações sistêmicas, fato que não se mostrou presente nesse paciente, o qual teve fatores
confundidores com outras patologias, como a febre reumática com coréia de Sydenham.
Conclusão: Assim, ressalta-se a importância desse caso que , em decorrência de sua atipia, percebe-se como
as manifestações de patologias como SAF podem se mostrar inespecíficas para pacientes pediátricos, sendo necessário reconhecê-las.