ENCEFALOMIELITE DISSEMINADA AGUDA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Encefalomielite Disseminada Aguda (ADEM) é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central, monofásica e imuno-mediada, caracterizada por alterações neurológicas inespecíficas e neuroimagem com lesões específicas multifocais.

DESCRIÇÃO

E.L.S., 9 anos, feminina, hígida, procurou atendimento em pronto socorro pediátrico com história de cefaleia temporal bilateral há 7 dias, déficit visual total esquerdo, turvação visual direita e hemiparesia esquerda. Apresentava papiledema, acuidade visual 20/400 bilateralmente, pupilas anisocóricas midriáticas, índex-nariz alterado, diminuição da força muscular (grau 2) em dimídio esquerdo e marcha cambaleante. Tomografia computadorizada de crânio com contraste inalterada, análise de líquor inconclusiva. Pensou-se em ADEM e, após pulsoterapia com Metilprednisolona 30mg/kg/dia por 5 dias, houve melhora parcial do quadro. Ressonância magnética (RM) de crânio identificou área de hiperssinal T2/FLAIR e restrição à difusão envolvendo a substância branca dos lobos parietal e frontal direitos. Paciente seguiu em uso de Prednisolona 2mg/kg/dia por 6 semanas. Quatro meses após, apresentava recuperação total dos déficits.

DISCUSSÃO

ADEM apresenta pico de incidência em crianças jovens do sexo masculino, sendo geralmente precedida por infecções ou imunizações, diferentemente do caso apresentado. Tem sintomas iniciais inespecíficos e abruptos (cefaleia, mialgia, febre, mal-estar). Neurologicamente, há defeitos do campo visual, afasia, déficit motor/sensitivo, convulsões e alterações na fala, dependendo do local acometido. Neste relato houve alguns desses sinais e sintomas. O diagnóstico baseia-se no achado das mesmas lesões apresentadas na RM da criança. O líquor, quando alterado, apresenta proteinorraquia, aumento das células linfo-monocitárias e, raramente, revela bandas oligoclonais, ausentes nesta paciente. A terapêutica compreende corticoterapia em altas doses durante 5 dias, seguida de doses de manutenção por 4-6 semanas, com altas taxas de cura após semanas ou meses, assim como o ocorrido.

CONCLUSÃO

A importância deste relato reside na divulgação de uma patologia rara, que não deve ser ignorada como diagnóstico diferencial de enfermidades que acometem o sistema nervoso central em crianças.