Introdução
A anafilaxia é uma reação aguda multissistêmica, ameaçadora a vida, após exposição a agentes capazes de induzir reações de hipersensibilidade.
Relato de caso:
J.M.F.G., masculino, 6 meses, a termo, em aleitamento materno, procurou atendimento com lesões impetiginosas perilabial, sendo prescrito neomicina tópica. As lesões evoluíram com secreção purulenta e no 5º dia apresentou angioedema facial, edema e urticária em membros, abdômen e sibilos. Em serviço de urgência lactente recebeu adrenalina IM em coxa, anti-histamínicos, corticosteróides, reparação endovenosa e cuidados respiratórios. Foi liberado para casa, mas o quadro se repetiu por mais 2 dias, sendo necessário adrenalina na urgência. No 3º dia, foi internada para tratamento hospitalar. Recebeu cefalexina EV por 20 dias, com melhora do quadro. A mãe confessou que havia iniciado complementação com leite de vaca há poucos dias e que as reações começavam 40 minutos após as mamadas, e que fazia uso da neomicina durante o período de anafilaxia. Iniciada a restrição do leite de vaca e ovo da dieta da criança e da mãe e retirada a neomicina. Não apresentou anafilaxia após as restrições. Após 6 meses, foram dosadas a IgE total e RAST para leite, ovo com resultados menores que 0,10 Kua/L. Desde então, realizada a introdução destes alimentos, mantendo-se assintomático. Devido à dificuldade na realização do teste com neomicina e exposição do lactente, foi orientada a restrição a neomicina até o momento.
Discussão:
Anafilaxias por alimentos, apresentam RAST positivo para a proteína, o que não ocorreu. Em relação a anafilaxia com o uso de neomicina, é rara e de difícil comprovação. Existe um caso que reporta possível associação, porém não excluiu proteínas do ovo e gelatina.
Conclusão:
As investigações das causas de anafilaxia devem ser iniciadas quanto antes, mas em alguns casos, ficam com diagnóstico de anafilaxia idiopática.