INTRODUÇÃO:
Apendicectomia é o procedimento cirúrgico geral de emergência mais frequente entre pacientes pediátricos. Complicações pós-operatórias estão relacionadas com a inflamação apendicular, tempo decorrido do início do quadro e momento da operação.
A doença encefálica vascular isquêmica é a causa de elevada morbimortalidade, porém raramente é uma complicação pós operatórias descrita de apendicectomia.
Este trabalho visa relatar um caso de insulto cerebral isquêmico bilateral por má perfusão cerebral pós apendicectomia complicada por choque.
DESCRIÇÃO DO CASO:
Paciente sexo masculino, 5 anos, apresentou no 1º pós-operatório de apendicectomia complicada crise epiléptica tônico-clônica única seguida de sonolência e perda da força em dimídio esquerdo. Exame físico afebril, desidratado, com perfusão lentificada e diminuição do débito urinário caracterizando quadro de choque. Tomografia de crânio sem alterações. Iniciado fenitoína e enoxaparina empíricamente. Eletroencefalograma com desorganização difusa e assimétrica da atividade de base, associado a paroxismos epileptiformes. Angiorressonância de crânio com áreas de isquemia bilateral recente em território de fronteira caracterizando evento isquêmico não tromboembólico devido a déficit de perfusão tecidual secundário a quadro sistêmico.
DISCUSSÃO:
Insultos isquêmicos agudos em crianças são eventos raros, porém importantes devido à gravidade das complicações e diversos diagnósticos diferenciais. O choque é um estado de má perfusão tecidual grave levando acometimento isquêmico não oclusivo de órgãos alvo, inclusive o sistema nervoso central. O estresse causado pela cirurgia de apendicectomia complicada aumentam as chances de desfechos desfavoráveis como o insulto isquêmico.
Sequelas e comprometimento neuropsicomotor a longo prazo são comuns após insultos isquêmicos estando ligados à doença de base, extensão da área isquêmica e tempo até reperfusão tecidual adequada.
CONCLUSÃO:
A manutenção da adequada pressão de perfusão cerebral está comprometida em inúmeros cenários, como por exemplo o choque. Como os sintomas neurológicos frequentemente são poucos específicos nessa faixa etária e os exames de imagens inicialmente podem ser normais, a abordagem adequada e rápida permite minimizar sequelas e comprometimentos neuropsicomotores