PERFIL DOS CASOS DE SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA NOTIFICADOS EM ADOLESCENTES NO ESTADO DE PERNAMBUCO ENTRE 2002 E 2021

Introdução: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), constituem grave problema de saúde pública. Os adolescentes e adultos jovens são considerados a população mais suscetível a essas doenças, primordialmente, em razão da prática de relações sexuais desprotegidas. Assim, é importante compreender o perfil epidemiológico das notificações de AIDS na adolescência em Pernambuco. Objetivo: Caracterizar os casos de AIDS nos adolescentes pernambucanos entre 2002 e 2021. Método: Estudo quantitativo, transversal, observacional e descritivo, através de dados obtidos pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: Avaliando-se as notificações no período, percebeu-se a ocorrência de 556 casos de AIDS em adolescentes pernambucanos, envolvendo o sexo masculino em 51,4% e pretos e pardos em 70,0% das notificações. 89,4% tinham entre 15 e 19 anos, 61,9% possuíam até o ensino fundamental e houve transmissão sexual em 73,0%. Em relação às categorias de exposição hierarquizada, notou-se que, de 10 a 14 anos, 52,5% das notificações foram por transmissão vertical e 32,2%, por contágio sexual. Já, na faixa de 15 a 19 anos, houve 3,0% de transmissão vertical e 77,9% de contaminação sexual, observando-se uma diferença estatisticamente significativa (p<0,001). Constatou-se também um sub-registro na notificação das categorias de exposição hierarquizada nos adolescentes, com 16,2% de casos ignorados. Conclusão: Nota-se que houve predomínio de pretos e pardos, com baixa escolaridade, não se percebendo diferença estatística em relação ao sexo. Ademais, apesar de existir notória contribuição da transmissão vertical para os casos de AIDS, principalmente na primeira metade da adolescência, o contágio sexual ainda possui um impacto mais significativo na sua segunda fase. Desse modo, ações educativas a respeito da sexualidade nas escolas e no ambiente familiar, além do incentivo ao uso de preservativo, são fundamentais para o controle da transmissão da AIDS nos adolescentes.