A obesidade é uma das doenças crônicas mais prevalente na infância. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 14.4 milhões crianças e adolescentes estão acima do peso. Várias comorbidades já foram associadas ao excesso de peso, dentre elas, a anemia carencial. Evidências recentes mostram que a alteração do metabolismo do ferro pode não ser apenas uma consequência da obesidade, mas pode desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de distúrbios metabólicos da obesidade, aumentando o risco cardiovascular e os eventos tromboembólicos. Dessa forma, esse estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de anemia carencial e deficiência de ferro entre as crianças e adolescentes com excesso de peso. Foi realizado um estudo de coorte, retrospectivo, com 140 crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 5 e 14 anos, encaminhados para atendimento devido CID:E66 (obesidade devido excesso de calorias) a um serviço de Endocrinologia Pediátrica. Foram coletados dados referentes a medidas antropométricas, perfil metabólico e hematológico. Análise estatística foi realizada de acordo com a natureza das variáveis. O grupo foi composto por 57,8% de pacientes do sexo feminino, sendo 70% púberes. A idade média dos pacientes foi de 10,3 (±2,5) anos e o Z-escore médio do IMC +2,1 (±0,5). 58.6% foram classificados como obesos e 41,4% como sobrepeso. Desses 13.6% dos pacientes foram diagnosticados como sendo deficientes de ferro e 2.8% como portadores de anemia ferropriva. Não foi observado correlação entre os pacientes com anemia e/ou deficiência de ferro e maior risco metabólico. Ainda assim, 1 em cada 7 pacientes com excesso de peso apresentou anemia e/ou deficiência de ferro, indicando a necessidade de investigação ativa desta comorbidade nesse grupo de pacientes.