REAÇÃO ALÉRGICA GRAVE APÓS PRIMEIRA APLICAÇÃO DE OMALIZUMABE: RELATO DE CASO

O Omalizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado que, ao possuir intensa afinidade pelo receptor da IgE – localizado na membrana de mastócitos e basófilos –, bloqueia a interação da IgE com seu sítio de ligação, consequentemente, inibindo a degranulação destas células que desencadeiam os processos alérgicos. Em crianças, tal imunobiológico pode ser usado a partir dos 6 anos de idade no tratamento da asma atópica grave. Este trabalho relata o caso de um paciente do sexo masculino, 9 anos e 11 meses, em acompanhamento ambulatorial há 5 anos e 2 meses, diagnosticado com asma eosinofílica atópica grave, em uso de corticosteroide inalatório em dose alta, associado a broncodilatador de longa ação (LABA) e antileucotrieno, e com rinite alérgica persistente em uso contínuo de corticosteroide tópico nasal. O paciente, mesmo em tratamento, apresentava episódios de exacerbações, sibilância e restrição respiratória, precedidos por prurido nasal, ocular, espirros e rinorreia. Laboratorialmente, observou-se perfil eosinofílico variando de 801-979/mm³, IgE total de 678,0 UI/mL e IgE específica para poeira (82,10 KU/L). Mediante o não controle das crises – em etapa IV GINA para a idade – foi prescrita a imunoterapia com anti-IgE Omalizumabe. Aproximadamente 12 horas após a primeira aplicação, o paciente desenvolveu quadro de edema labial, ocular e peniano, e pápulas de urticária em membros inferiores, com ausência de comprometimento respiratório e hemodinâmico. Desse modo, foi prescrito anti-histamínico e suspensão da imunoterapia. Na literatura, verifica-se a biossegurança do imunobiológico e sua satisfatória tolerância, observando em crianças pontuais reações adversas a longo prazo, como infecções do trato respiratório superior e cefaleia, enquanto a ocorrência de urticária e angioedema é minimamente relatada, contribuindo para a raridade do relato. Assim, conclui-se que o uso do Omalizumabe, responsável pela redução de exacerbações na asma grave, apesar de assegurar a biossegurança, pode desencadear, raramente, reações adversas imediatas à sua aplicação.