A sífilis é uma infecção bacteriana de importante impacto na saúde pública. Apesar de fácil diagnóstico e tratamento, muitos casos na gestação são subdiagnosticados ou tratados inadequadamente. Trata-se de estudo observacional e retrospectivo, de nascidos em hospital de referência do noroeste paulista, entre os anos de 2021 a 2023, destacando prontuário de mães com testes para sífilis reagentes, com ênfase no perfil sociodemográfico das mesmas. Sobre um total de 3982 puérperas, a incidência média de sífilis na gestação foi de 22,6:1.000, sendo 2,63% (105/3982) com teste positivo, entre esses 5,71% (6/105) considerado cicatriz sorológica e em 93,33% (98/105) sífilis na gestação. Destas, 32,38% (34/105) realizaram o tratamento adequadamente, com reinfecção em 1,02% (1/98), sendo necessário novo ciclo medicamentoso. Além disso, 52,38% (55/105) realizou o tratamento inadequado e 8,57% (9/105) não realizou tratamento. Em 27,61% (29/105) o pré-natal foi satisfatório, e 86,66% (91/105) teve diagnóstico durante o pré-natal, sem relatos de casos diagnosticados no momento do parto. Em relação às comorbidades associadas, houve concomitância com diabetes mellitus gestacional em 15,23% (16/105), hipertensão arterial em 5,71% (6/105), infecção do trato urinário em 20,0% (21/105) e hipotireoidismo em 5,71% (6/105). O alcoolismo foi afirmado em 10,47% (11/105), tabagismo em 16,19% (17/105) e uso de drogas ilícitas em 11,42% (12/105). Considerando características sociais, é notável maior incidência na faixa etária de 20-29 anos [60% (63/105)], com escolaridade Ensino Médio Completo em 40% (43/105) e raça branca 58% (61/105), sendo a profissão do lar mais prevalente [27,6% (29/105)]. Assim, conclui-se que houve maior incidência de diagnóstico de sífilis devido maior adesão ao pré-natal, realizando o tratamento específico e diminuindo o risco para o feto. Avaliando características sociais e acesso a recursos, nota-se melhor controle da sífilis com disponibilidade de diagnóstico e tratamento, porém deficitário quando comparado à baixa adesão das gestantes ao tratamento proposto no pré-natal.