Introdução: As crianças têm sido expostas as tecnologias digitais cada vez mais cedo e por mais tempo em decorrência da universalização do acesso e por meio de seus responsáveis como uma alternativa para mantê-las entretidas enquanto realizam suas atividades diárias, cenário agravado durante a pandemia de COVID-19. O acesso indiscriminado às telas na infância é um problema de saúde pública mundial pois o retardo no desenvolvimento neuropsicomotor aliado a hábitos sedentários de vida resultam em importantes prejuízos na saúde física e mental como: obesidade, depressão, ansiedade e distúrbios de sono. Objetivo: Analisar as principais alterações neurológicas decorrentes do uso excessivo das telas. Método: Revisão literária realizada por meio das bases de dados U. S. National Library of Medicine (PubMed) e biblioteca virtual Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando como busca publicações que contenham screen time e child development nos últimos cinco anos. Os dados foram apresentados descritivamente, analisados de forma interpretativa e discutidos conforme a literatura pertinente. Resultados: Os estudos mostraram que quanto mais precoce a introdução das telas na infância e quanto maior o tempo de uso, piores são as consequências como: atraso na comunicação e na resolução de problemas, além de associação com maior incidência de casos de transtorno do espectro autista. Além disso, o uso excessivo de tecnologias pelas crianças está intrinsecamente ligado à obesidade infantil e ansiedade, e às consequências negativas no desenvolvimento socioemocional na primeira infância. Conclusão: A utilização abusiva de telas causa sequelas no neurodesenvolvimento infantil estando fortemente relacionado ao tempo de início e ao tempo de exposição das crianças a elas. Os achados sugerem que seja válido realizar estudos separados sobre uso excessivo das tecnologias e cada comorbidade relacionada a ele (como atraso na comunicação e sobrepeso infantil) para fornecer dados mais completos da relação causal entre eles.