VÔMITOS E HIPERPLASIA NODULAR LINFOIDE RELACIONADOS À MENINGOENCEFALITE: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO:
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a avaliação cuidadosa de pacientes com queixa de náuseas e vômitos é de extrema importância. Usualmente, os vômitos originam-se de um quadro autolimitado, entretanto podem se tratar da primeira manifestação de um processo grave. Entre os diagnósticos diferenciais está a meningite – com clínica típica de prostração, febre ou hipotermia, cefaleia, rigidez de nuca e vômitos – e a meningoencefalite – com convulsões e sintomas neurológicos focais. Nesse contexto, a Hiperplasia Nodular Linfoide pode ocorrer como uma resposta da mucosa do trato gastrointestinal ao estímulo infeccioso, apresentando-se clinicamente com dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia.
Este estudo relata o caso de um lactente com queixa de vômitos que evoluiu com meningoencefalite por provável penetração viral em mucosa intestinal.

DESCRIÇÃO DO CASO:
MLSS, 21 meses, encaminhado à UTI de Hospital Terciário com quadro de vômitos em jato e inapetência há 1 semana, sem febre, convulsão ou rigidez de nuca.
Família relata internação há 3 meses por vômitos em jato, rebaixamento do sensório e crise convulsiva, sem febre e sem antecedentes convulsivos. Refere que, após tratamento para meningite e alta hospitalar, procurou UPA diversas ocasiões apresentando vômitos em jato, sendo liberado com sintomáticos.
Em internação atual, fundoscopia descarta Hipertensão Intracraniana. Transferido para enfermaria após melhora clínica, tomografia de crânio descarta complicação pós meningoencefalite e Endoscopia Digestiva Alta (EDA) evidencia duodenite com mucosa de aspecto micronodular difuso.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO:
Observa-se um lactente com quadro de vômitos que evoluiu de forma não trivial. Apesar de ser uma queixa frequente nos prontos socorros pediátricos, o relato destaca a importância de considerar os diagnósticos diferenciais. Através de investigação em Hospital Terciário, foi possível comprovar hiperplasia nodular linfoide em região de bulbo duodenal por EDA, concluindo provável penetração de enterovírus por mucosa do intestino, com posterior acometimento de sistema nervoso central.