Apendicite em crianças

Apendicite em crianças

Apendicite é uma inflamação/infecção aguda do apêndice cecal, que é em fundo cego como um dedo de luva. Inicialmente existe uma obstrução da luz do apêndice no seu terço médio por fezes endurecidas ou semente de fruta, impedindo a drenagem da secreção produzida pela mucosa do apêndice para o intestino grosso. Esse fato leva a um processo inflamatório do apêndice, com diminuição do retorno venoso e, posteriormente, isquemia e ulcerações da mucosa, que podem evoluir para infecção e perfuração do apêndice, ocasionando uma inflamação/infecção abdominal chamada de peritonite.

Os sintomas se iniciam com dor abdominal periumbilical, localizada no lado direito baixo do abdome, acompanhada habitualmente de vômito e febre. A faixa etária mais comum de apendicite em crianças é dos 8 aos 14 anos. Passa a ser fator de risco a apresentação em crianças com idade inferior e naquelas imunodeprimidas, quando pode ocorrer um retardo do diagnóstico e tratamento.

A doença pode cursar com algumas complicações, principalmente se o diagnóstico e o tratamento adequado forem realizados mais tardiamente. A infecção generalizada, às vezes, é de difícil tratamento. Portanto, o diagnóstico deve ser realizado com agilidade para se evitar as complicações.

O diagnóstico de apendicite habitualmente é realizado através da história e do exame físico. Alguns exames de imagem como ultrassom, raio-X e tomografia abdominal podem ajudar, bem como os exames de sangue, como, por exemplo, quando o hemograma mostrar sinais de infecção aguda ou a dosagem do PCR, que é um marcador bastante sensível para processos inflamatórios, se mostrar aumentada.

O tratamento da apendicite aguda é cirúrgico, para a retirada do apêndice cecal doente. O pós-operatório na maioria das vezes é rápido, com reintrodução da dieta e alta hospitalar em torno de 48hs. Os casos de acometimento maior do apêndice, com perfuração e peritonite podem evoluir de maneira mais lenta, com coleções na cavidade abdominal de difícil tratamento e infecção da parede abdominal, jejum prolongado, febre e uso de antibióticos por um período maior.

 

Relator:
Marcelo Iasi
Secretário do Departamento Científico de Clínica Cirúrgica em Pediatria da Sociedade de Pediatria de São Paulo

 

Foto: belchonock I depositphotos.com