No dia 10 de março, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Sedentarismo, um momento importante para refletirmos sobre o impacto da falta de movimento na vida das crianças e adolescentes. Com o avanço da tecnologia e a rotina cada vez mais conectada, a infância ativa está sendo substituída por longos períodos diante das telas. Brincadeiras ao ar livre, que antes faziam parte do dia a dia, estão dando lugar a horas seguidas no celular, no videogame ou no computador. Mas o que parece inofensivo pode ter consequências sérias para a saúde.
O sedentarismo não se resume apenas à falta de exercício: ele é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. Além disso, a ausência de atividade física compromete a saúde mental, contribuindo para quadros de ansiedade, estresse e depressão. O impacto também é notado na escola, já que crianças que se movimentam pouco podem apresentar dificuldades de concentração, pior rendimento acadêmico e maior propensão à fadiga.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes pratiquem pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada a intensa. No entanto, estudos apontam que grande parte deles não atinge essa meta. O aumento do tempo de tela, a falta de espaços seguros para brincar e até a rotina acelerada das famílias são alguns dos fatores que levam ao sedentarismo infantil. O problema é sério, mas há uma boa notícia: reverter esse quadro é mais fácil do que parece!
Estimular o movimento desde cedo traz benefícios para a vida toda. Crianças ativas fortalecem músculos e ossos, desenvolvem melhor a coordenação motora e crescem com hábitos mais saudáveis. Além disso, o exercício físico libera hormônios do bem-estar, como a endorfina e a serotonina, ajudando a combater o estresse e promovendo mais alegria e disposição. Outro ponto essencial é a socialização: esportes coletivos e brincadeiras ao ar livre ensinam valores como disciplina, cooperação e respeito, fundamentais para a formação emocional dos pequenos.
Mas como incentivar as crianças e adolescentes a se movimentarem mais? Pequenas mudanças na rotina podem fazer uma grande diferença. Atividades simples, como pular corda, brincar de pega-pega, andar de bicicleta e brincar de esconde-esconde são formas eficazes e naturais de combater o sedentarismo. Praticar esportes também é uma excelente alternativa, e há opções para todos os gostos, desde futebol, basquete e vôlei até natação e artes marciais. O importante é encontrar algo que a criança goste, para que o movimento se torne um hábito prazeroso e não uma obrigação.
O exemplo dos pais e responsáveis é fundamental. Crianças que veem seus familiares se exercitando têm maior tendência a seguir o mesmo caminho. Se a família caminha junta, passeia de bicicleta ou aproveita parques e praças nos momentos de lazer, as chances de a criança crescer ativa aumentam consideravelmente. Além disso, é essencial estabelecer limites para o tempo de tela. Definir horários para o uso de dispositivos eletrônicos e incentivar atividades físicas no tempo livre são atitudes que ajudam a equilibrar a rotina.
O Dia Nacional de Combate ao Sedentarismo é um convite para refletirmos sobre os hábitos das novas gerações. Crianças precisam correr, brincar, gastar energia e explorar o mundo além das telas. Estimular a prática de atividades físicas não é apenas um conselho médico, mas uma necessidade real para garantir um futuro mais saudável e equilibrado. Pequenos gestos podem transformar a qualidade de vida dos jovens e prepará-los para a vida adulta com mais disposição e bem-estar. Afinal, o movimento não é só importante para o corpo – ele também faz bem para a mente e para o coração.
Relator:
Núcleo de Estudos da Prática de Atividade Física e Esportes na Infância e Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo