Dia da Vacina BCG

Dia da Vacina BCG

A vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) é uma vacina indicada para prevenir as formas graves da tuberculose.

A tuberculose é uma doença infecciosa de transmissão respiratória, causada por uma bactéria denominada Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch.

Apesar da doença afetar prioritariamente os pulmões, ela pode também acometer outros órgãos e/ou sistemas, causando as formas designadas miliar (quando um grande número de bactérias se desloca pela corrente sanguínea e se dissemina pelo corpo, atingindo vários órgãos) e a forma meníngea (quando afeta as meninges, que são membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal).

A vacina BCG destina-se, principalmente, para a prevenção das formas extrapulmonares graves, cujo risco de adoecimento é mais elevado nos primeiros anos de vida.

É uma vacina bacteriana viva atenuada (sem capacidade de produzir doença em indivíduos saudáveis), derivadas de Mycobacterium bovis (bactéria causadora de mastite tuberculosa bovina) e foi incluída no Calendário Básico de Vacinação do Brasil em 1977.

Ao longo dos anos, a BCG demonstrou eficácia significativa, porém, apesar de não se observar proteção consistente para todas as idades e nem para todas as formas da doença, vários estudos demonstraram que a vacinação neonatal proporcionava 82% de proteção contra a tuberculose grave.

Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil preconizam a aplicação da BCG ao nascimento ou nos primeiros 30 dias de vida. Na rotina, a vacina é destinada a crianças na faixa etária de 0 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias.

É preconizado fazer no braço direito (região deltoide), via intradérmica (embaixo da pele), que resulta numa pequena elevação com aparência de casca de laranja, a qual desaparece logo após a aplicação (mais ou menos 8 horas).

Cerca de três semanas depois, o local começa a ficar vermelho e, possivelmente, formará uma ferida (com ou sem pus), que poderá demorar até três meses para cicatrizar (ferida abre, aparenta cicatriz, abre novamente).

Pode ocorrer coceira no local, e a ferida poderá ter até o tamanho de 1 cm de diâmetro, mas depois diminui e a cicatriz fica menor.

Os cuidados pós-vacinação consistem em lavar normalmente com água e sabão na hora do banho e secar com toalha limpa, sem esfregar. Manter a criança com camiseta de manga para proteger o local de poeira, insetos e para que a criança ou irmão não mexam no local. Manter as unhas cortadas e não deixar coçar.

Observações – gânglios embaixo do braço direito ou próximo ao pescoço (íngua) são reações normais, porém pouco frequentes. Se isso ocorrer, levar a criança ao pediatra ou à UBS para melhor avaliação e acompanhamento.

Cerca de 90% das pessoas que recebem a vacina desenvolvem reação no local da injeção, mas 10% não desenvolvem nenhuma alteração.

Importante entender que a cicatriz não representa necessariamente proteção, por isso a OMS, desde 2018, numa revisão das diretrizes de vacinação para bebês, enfatiza que os estudos não demonstraram benefício na repetição da vacinação com BCG; portanto, mesmo na falta de cicatriz, PPD negativo ou IGRA negativo, a revacinação não deve ser feita.

Dessa forma, a partir do posicionamento da OMS em 2018, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também não recomendam a revacinação com BCG.

Uma observação importante é não esquecer que a condição imunológica do indivíduo a ser vacinado também exige atenção antes da vacinação.

Pacientes com imunodeficiências primárias ou adquiridas graves, imunodeficiências combinadas (SCID), doenças granulomatosas, agamaglobulinemias congênitas, além de outras síndromes associadas a alterações da imunidade celular, não devem receber BCG.

As sociedades científicas de imunologia clínica preconizam, sempre que possível, fazer primeiro a triagem neonatal e depois aplicar a vacina BCG, especialmente se na família houver casos conhecidos de imunodeficiências.

No caso da mãe ter recebido biológicos durante a gestação, o bebê deve receber a vacina BCG quando completar seis meses.

Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública.

No Brasil ocorrem cerca de 70 mil casos novos da doença ao ano e 4,5 mil mortes; portanto a vacina ainda se constitui como a única forma de proteção contra formas graves de tuberculose em crianças.

Vamos comemorar em 01/07/23 o Dia da Vacina BCG, oferecendo às crianças a oportunidade de se protegerem contra uma doença que é extremamente grave, que pode deixar muitas sequelas e até levar à morte.

Vacinas salvam vidas!

 

Saiba mais:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Nota Informativa nº10 de 24 de janeiro de 2019-CGPNI/DEVIT/SVS/MS. Atualização da recomendação sobre revacinação com BCG em crianças vacinadas que não desenvolveram cicatriz vacinal. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nota-informativa-10-2019-cgpni.pdf

 

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-emite-nota-informativa-sobre-a-revacinacao-com-bcg-em-criancas-com-ausencia-de-cicatriz/

 

Controvérsia em Imunizações 2022 – editores Renato de Ávila Kfouri, Guido Carlos Levi, Juarez Cunha. 1ª edição. São Paulo: Segmento Farma Editores, 2023. Disponível em: https://sbim.org.br/images/books/controversias-imunizacoes-2022.pdf

 

Relatora:

Silvia Bardella Marano

Departamentos Científicos de Imunizações e Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo