Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade

Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade

A obesidade é uma doença crônica e progressiva, que tende a piorar com o passar dos anos. É caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, em quantidade suficiente para causar prejuízos à saúde.

Atualmente é considerada uma epidemia, pois afeta pessoas de todas as idades e classes sociais, no mundo inteiro. Além de reduzir a qualidade e a expectativa de vida, predispõe ao aparecimento de doenças como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, asma, alterações ortopédicas, gordura no fígado e alguns tipos de câncer, sem contar com os inúmeros transtornos psicossociais que podem acompanhá-la. Acredita-se que as mudanças nos hábitos alimentares que ocorreram a partir da década de 1970 estejam diretamente envolvidas no surgimento dessa epidemia.

A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo atualmente, uma vez que isso gera um aumento nos gastos públicos com hospitalizações e medicamentos para o tratamento de suas complicações.

Os dados publicados pelo Ministério da Saúde em 2019, no Atlas da Obesidade Infantil no Brasil, mostram que mais de 900 mil crianças brasileiras entre 0 e 9 anos de idade são obesas. Considerando que esses dados foram publicados antes da pandemia da covid-19, hoje certamente esse número deve ter ultrapassado 1 milhão de crianças obesas, uma vez que o fechamento das escolas e o isolamento social impuseram mudanças nos hábitos alimentares e a restrição da atividade física, predispondo ao ganho excessivo de peso nesse período.

Muitas vezes a percepção de que uma criança está acima do peso ocorre somente quando a doença já está instalada. Quando detectada precocemente, a chance de se reverter o processo é bem favorável. Porém, uma vez instalado o problema, a estratégia terapêutica é muito difícil, pois envolve mudanças comportamentais e de hábito não só do paciente, mas da família como um todo, o que dificulta muito a aderência ao tratamento. Por isso, a prevenção sempre será a melhor estratégia para controlar esse problema gravíssimo que enfrentamos atualmente.

É importante ressaltar que ninguém tem obesidade por escolha própria. Sabe-se que a herança genética contribui em 70% de seu aparecimento, mas outros fatores também são muito relevantes, como o consumo de alimentos ultraprocessados, o estresse e o sedentarismo. Outros fatores, como a poluição e a qualidade das bactérias encontradas no intestino dos pacientes obesos também têm sido estudados ultimamente.

O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, instituído em 11 de outubro, tem por objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção dessa doença. A informação confiável, não aquela promovida por influencers de credibilidade questionável, deve estar disponível para que as famílias, juntamente com a observação dos pediatras, identifiquem o problema precocemente e, quando houver dificuldade no manejo do problema, o encaminhamento para profissionais de saúde capacitados, preferencialmente em equipe multiprofissional, seja feito o mais rápido possível.

Os órgãos públicos, por sua vez, têm também um papel importante na prevenção da obesidade infantil, e devem trabalhar na promoção do aleitamento materno, criando condições para que este ocorra por tempo mais prolongado, além de melhorar a nutrição e promover a atividade física no ambiente escolar. O poder público também é responsável pela elaboração de políticas de controle e regulamentação do comércio de alimentos voltados às crianças.

Vale destacar o fato de que não existe uma pílula mágica para tratar a obesidade. Seu enfrentamento demanda a conscientização sobre a gravidade da doença e o esforço conjunto da família e da equipe responsável por seu tratamento.

 

Relatora:
Rosana Tumas
Presidente do Departamento Científico de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo