Relator: Dr. Joel Schmillevitch
Presidente do Departamento Científico de Diagnóstico por Imagem da SPSP; Membro do Grupo de Fígado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
O estadiamento da fibrose hepática é fundamental para decisões terapêuticas nas doenças hepáticas difusas. A biopsia hepática é considerada “padrão ouro”, mas há pontos negativos. A amostra obtida pela biópsia representa somente 1/50.000 do fígado e há variação importante intra e interobservadores na avaliação do grau de fibrose hepática. Outras desvantagens são o desconforto e risco de complicações.
A elastografia ARFI (Acoustic Radiation Force Image) surgiu em 2009. Trata-se de software acoplado a equipamento de ultrassonografia S2000.
Ao acionar este software, o transdutor convencional para exame de ultrassom de abdome (são emitidos pulsos que atravessam o parênquima hepático e que retornam emitindo informação da velocidade da onda em centímetros por segundo, que apresenta correlação com a elasticidade do fígado.
Inúmeros trabalhos demonstram elevada acuracia entre os graus de velocidade e a fibrose hepática. A velocidade media na população normal é de cerca de
Na presença de cirrose hepática a velocidade encontra-se acima de 2,2cm/seg.
O exame consta de 10 medidas de velocidade nos segmentos VIII ou II, e a velocidade média relacionada com a fibrose grau 0, I, II, III e IV (cirrose).
A vantagem do método estar acoplado a equipamento de ultrassonografia, podendo-se analisar o parênquima hepático, realizar o Doppler colorido e avaliar outros órgãos abdominais.
As principais indicações do método em pediatria são: hepatites virais, síndrome de Budd-Chiari, Doença de Wilson, fibrose cística, cirrose biliar primaria, atresia de vias biliares (pós-operatório), colestase hepática crônica, hepatites autoimunes e avaliação pós transplantes, síndrome metabólica, e esteatose hepática.
A elastografia hepática vem sendo amplamente utilizada em Hepatologia, com elevada acuracia na correlação com a biópsia e marcadores sanguíneos, na avaliação dos graus de fibrose hepática.
É método inócuo, fácil de repetir, sem riscos, sem contraindicações e com resultados imediatos e reprodutíveis.
Referências bibliográficas:
1. Liver fibrosis in viral hepatitis: noninvasive assessment with acoustic radiation force impulse imaging versus transient elastography. Radiology. 2009 Aug;252(2):595-604.
2. Acoustic radiation force imaging sonoelastography for noninvasive staging of liver fibrosis. World J Gastroenterol. 2009 Nov 28;15(44):5525-5532.
3. Comparison of acoustic radiation force impulse imaging (ARFI) to liver biopsy histologic scores in the evaluation of chronic liver disease: A pilot study. Ann Hepatol. 2010 Jul 1;9(3):289-93.
4. Accuracy and reproducibility of transient elastography for the diagnosis of fibrosis in pediatric nonalcoholic steatohepatitis. Hepatology. 2008 aug. 48(2):442-8.
5. Transient elastography in patients with cystic fibrosis. Pediatr Radiol. 2010 Jul. 40(7):1231-5.
Texto publicado em 29/09/2011.