Impacto da dermatite atópica na qualidade de vida de pacientes pediátricos e seus responsáveis

Impacto da dermatite atópica na qualidade de vida de pacientes pediátricos e seus responsáveis

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Divulgado em 03/03/2017


Pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Belém (PA) publicaram um estudo na Revista Paulista de Pediatria de março de 2017 que avaliou o impacto da dermatite atópica na qualidade de vida de pacientes pediátricos e seus responsáveis, atendidos no serviço de dermatologia da UEPA em 2015.

Os autores destacam que a frequência de dermatite atópica (DA) – uma dermatose inflamatória crônica de etiologia multifatorial e caracterizada por prurido de moderado a intenso – dobrou ou mesmo triplicou na maior parte do mundo, nas últimas três décadas, constituindo um importante problema de saúde pública. As doenças dermatológicas são fonte de impacto negativo no estado emocional, nas relações sociais e nas atividades cotidianas devido aos estigmas causados pela aparência das lesões. O prurido crônico é muitas vezes intratável, afetando a qualidade de vida, prejudicando o sono e as atividades diurnas dos pacientes. Existe ainda um impacto social, emocional e financeiro sobre a família dos pacientes – pais de crianças acometidas relatam dificuldades na disciplina e no cuidado com seus filhos, gerando conflitos e alterando a estrutura familiar. Nesse sentido, o estudo da Universidade do Estado do Pará teve como finalidade mensurar, por meio de questionários validados, o impacto da dermatite atópica na qualidade de vida de pacientes pediátricos e seus responsáveis, atendidos em um serviço de referência em Dermatologia Pediátrica localizado na Amazônia Oriental.

Foi realizado um estudo descritivo e transversal com pacientes entre 5 e 16 anos de idade, de ambos os sexos, diagnosticados com critérios clínicos clássicos de dermatite atópica e também com seus responsáveis. Para avaliar a qualidade de vida, foram utilizados dois questionários de origem inglesa e validados no Reino Unido – um deles respondido pelas crianças e o outro pelos responsáveis.

O estudo demonstrou claramente a correspondência entre a gravidade da doença e o impacto emocional no paciente e em seus respectivos responsáveis. “A dermatite atópica afeta a qualidade de vida de todos os envolvidos, inclusive influenciando na dinâmica familiar. Isso ressalta a importância de incluir no exame clínico destes pacientes a avaliação da qualidade de vida”, afirma a Dra. Carla Andréa Avelar Pires, uma das autoras da pesquisa.

Segundo a Dra. Carla, por ser um tema recorrente na prática clínica, a publicação de um estudo sobre a dermatite atópica com enfoque na Dermatologia Pediátrica, estimula a maior exposição do conhecimento e abrange o comportamento da doença com um olhar mais amplo, que inclui a qualidade de vida dos pacientes. “Quanto maior o conhecimento, maiores os benefícios tanto para a prevenção quanto para adesão ao tratamento”, destacou. Os autores defendem que a educação de todos os indivíduos envolvidos no cuidado com a criança é fundamental no manejo da dermatite atópica. É essencial prover informação simples, clara e sem ambiguidades, com objetivo de reduzir o impacto negativo na qualidade de vida familiar, já que a falta de conhecimento aumenta a ansiedade dos cuidadores e dificulta a adesão ao tratamento e cuidados gerais, primordiais para o sucesso terapêutico.

“A partir do momento em que a qualidade de vida é alterada, a saúde não está estabelecida. O conhecimento da influência da dermatite atópica na dinâmica familiar deve incentivar, inclusive, que políticas públicas de saúde sejam pensadas para amenizar ou controlar a doença. Dentre estas, destacamos as políticas de educação em saúde, a educação permanente e a distribuição gratuita de restauradores da barreira cutânea”, finalizou a Dra. Carla Andréa Avelar Pires.

Contato: Carla Andréa Avelar Pires
Universidade do Estado do Pará, Belém (PA)
E-mail: [email protected]