Seguimento diferenciado para bebês prematuros

Seguimento diferenciado para bebês prematuros

Relatoras:
Dra. Ana Lucia Goulart, coordenadora do Ambulatório de Prematuros e Chefe do Departamento de Pediatria da Unifesp.

Dra. Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
Vice-Presidente da SPSP e Presidente do Departamento de Neonatologia da SPSP.

Texto divulgado em 13/02/2017
A Sociedade de Pediatria de São Paulo decidiu ampliar o dia de atenção à saúde do prematuro para todo o mês de março, iniciando a campanha Março Lilás
A prematuridade é um problema mundial e crescente de saúde pública e o Brasil foi apontado pela OMS, em 2012, como o décimo país com maior número de nascimentos prematuros em todo o mundo. Segundo o Datasus, em 2014 a prevalência de prematuridade no país foi de 11,2%, com sobrevida de 94,8% no período neonatal para os prematuros em geral, de 71,9% para aqueles com idade gestacional inferior a 32 semanas e de 44,3% para os menores de 28 semanas. Esses dados indicam que um número grande e crescente de prematuros está frequentando os serviços de saúde e pode apresentar repercussões tardias da prematuridade. O conhecimento dessas repercussões também aumentou muito nas últimas décadas. Nos anos 80 as atenções estavam voltadas para os aspectos do crescimento, anemia, doenças respiratórias, além de atraso auditivo, motor e mental. Hoje sabemos que as consequências em longo prazo da prematuridade são muito mais amplas, incluindo atraso de linguagem, TDAH, transtornos do espectro do autismo, atraso escolar, além de distúrbios psiquiátricos.

O acompanhamento do prematuro deve ser realizado por um grupo multidisciplinar especializado e sob responsabilidade da equipe de Neonatologia que cuidou do bebê desde o nascimento. Em nosso meio foram instituídos os ambulatórios de seguimento de prematuros desde a década de 80, com uma evolução progressiva dos membros participantes, especialmente nos hospitais escolas. No ano de 1981 o professor Dr. Benjamin Israel Kopelman criou o Ambulatório de Prematuros da Escola Paulista de Medicina/Unifesp que, desde seu início, teve característica multiprofissional, contando com a participação da Neonatologia, Neurologia, Fonoaudiologia e Fisioterapia, e atualmente tem 12 categorias profissionais.

Na mesma época, outras universidades do Estado de São Paulo criaram modelos semelhantes de atendimento: Universidade de São Paulo (São Paulo e Ribeirão Preto), Universidade do Estado de São Paulo/Unesp – Faculdade de Medicina de Botucatu, Santa Casa de Misericória de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas/Unicamp, todas elas vinculados à Neonatologia. No decorrer desses 35 anos essa decisão se mostrou muito acertada.

Em 2009, com forte atuação da equipe da Escola Paulista de Medicina/Unifesp, foi promulgado o projeto de lei Nº 146, que institui o Dia da Atenção ao Prematuro, a ser comemorado todo o dia 14 de março, no âmbito do Estado de São Paulo, com o objetivo de salientar a importância desse segmento de pacientes que merecem um acompanhamento especializado.

Campanha Março Lilás
Em 2017, a Sociedade de Pediatria de São Paulo, com o objetivo de destacar a importância de seguimento diferenciado para os bebes prematuros e de que sejam atendidos por neonatologistas/pediatras capacitados a detectar, prevenir e/ou minimizar as possíveis complicações, incluindo a necessidade dessas famílias, decidiu ampliar o dia de atenção à saúde do prematuro para todo o mês de março, iniciando a campanha Março Lilás. Para o lançamento da campanha a SPSP realizará um Café da Manhã com o Professor com o tema Prematuridade Extrema. O evento acontece no dia 11 de março, das 8h30 às 12h00, na sede da SPSP, com palestras voltadas para os pediatras sobre as peculiaridades no acompanhamento desses bebês. Contamos com a participação de todos!