Respirar pela boca pode ser um problema?

Considerações sobre o ponto de vista Fonoaudiológico

Muitos problemas respiratórios ocorrem na primeira infância (até os 5 anos), por inflamação de adenoides, amigdalites, rinites e sinusites, trazem, como consequência, a obstrução nasal que impede a passagem do ar pelo nariz, levando a criança a respirar pela boca.

Quando ocorre essa Respiração Oral, o organismo tende a se adaptar realizando algumas modificações e novos padrões serão instalados e adaptados, levando a alterações fisionômicas, posturais, esqueletais e musculares, que podem prejudicar a saúde da criança como um todo.

Dependendo do tempo dessa obstrução – que pode ser temporária ou em longo prazo (maior que 6 meses), o desenvolvimento das estruturas ósseas e musculares poderão ficar prejudicadas, levando até à deformidades nos arcos dentários e dentes, alterações na musculatura de lábios, língua e bochechas e dificuldades para mastigar, engolir e falar.

As alterações fonoaudiológicas mais comuns encontradas nos portadores de Respiração Oral são:

  1. Alterações na postura e na musculatura de lábios, língua e bochechas caracterizadas pela flacidez destas estruturas;Fotos: Claudia Peyres López

  2. Alterações das funções orais (respiração, mastigação, deglutição, fala e voz);
  3. Alterações na postura corporal.

Outras alterações de ordem emocional e social podem estar presentes pela mudança de comportamento devido à irritabilidade, cansaço, desânimo, prejudicando o contato social e baixo rendimento escolar pela diminuição da atenção e concentração.

O tratamento fonoaudiológico visa restabelecer a função respiratória, adequar ou minimizar alterações quanto ao tônus muscular de lábios, língua e bochechas, proporcionar o vedamento labial satisfatório, além de reeducar as demais funções do aparelho estomatognático (mastigação, deglutição e fala).

Pela complexidade e diversificação de sinais e sintomas, o Respirador Oral deve ser encarado sobre um prisma amplo, devendo ser assistido por uma equipe multidisciplinar especializada para garantir o correto diagnóstico e tratamentos mais adequados.

Relatora:
Claudia Peyres López – Fonoaudióloga Mestre pela Universidade Federal de São Paulo, Membro do Grupo de Saúde Oral da SPSP

Texto divulgado em 21/10/2009.