Semana Mundial de Aleitamento Materno: 1 a 7 de agosto de 2009

A Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), comemorada de 1o a 7 de agosto em mais de 120 países, é uma iniciativa da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA) concebida em 1992 com o objetivo de incentivar a mobilização social para promover e proteger a amamentação.  O evento conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, a SMAM é coordenada pelo Ministério da Saúde desde 1999 e, a partir de 2006, conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Pediatria

Em 2009, o tema escolhido foi “O ALEITAMENTO MATERNO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA”. Assim, a proteção das crianças durante as catástrofes, quer sejam ambientais ou provocadas pelo homem, requer necessariamente o preparo dos profissionais envolvidos no socorro às vítimas para manter ou retomar o aleitamento materno. 

Sabe-se que o leite humano tem papel fundamental no desenvolvimento nutricional e na proteção imunológica das crianças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo até o sexto mês de vida e complementado, após este período, até pelo menos dois anos de idade.

As fórmulas lácteas não substituem o leite materno e, para seu preparo, são necessárias condições de higiene nem sempre disponíveis por ocasião das catástrofes naturais ou provocadas pelo homem (terremotos, inundações, erupções vulcânicas, guerras, etc.). Nesses momentos são verificadas, com frequência, doações em larga escala de fórmulas infantis, leite em pó e mamadeiras, distribuídas sem controle e indiscriminadamente; este material pode chegar ao alcance das mães que estão amamentando seus filhos, levando-as ao desmame.

Auditoria realizada pela UNICEF após o terremoto de Yakarta, Indonésia, revelou que, apesar das elevadas taxas de início do aleitamento materno, 70% das crianças com idade inferior a seis meses utilizaram fórmula infantil doada. Pode-se citar também a investigação realizada pelo Centro de Classificação de Doenças (C.D.C.) após a inundação em Botswana, em 2005-2006, na qual 500 crianças morreram; foi constatado que quase todas receberam fórmula e que seu risco de hospitalização era 50 vezes superior ao de crianças  amamentadas ao seio.

Nas situações de risco, é extremamente importante que os membros de uma mesma família permaneçam juntos, em especial mães e filhos, para que possam se sentir amparados e para que o aleitamento materno não seja interrompido; quanto às crianças cujo aleitamento já foi suspenso, todo esforço deve ser direcionado no sentido de reiniciá-lo através do método da relactação. Os lactentes separados de suas mães podem ter a opção das amas de leite, enquanto as fórmulas lácteas somente devem ser administradas nos casos em que não há possibilidade de seguir estas recomendações, preconizando-se vigilância rigorosa quanto à segurança de seu preparo (deve-se ressaltar que o Ministério da Saúde do Brasil contra-indica o aleitamento cruzado em qualquer situação*).

Diante de catástrofes como as acima relatadas, a transmissão das informações de forma fácil e eficaz, o esclarecimento das dúvidas e o acesso do grande público ao conhecimento contribuem para sanar necessidades básicas da população das regiões atingidas, garantindo a saúde das crianças envolvidas. Desta forma, a mídia tem um papel de grande valia em situações de emergência, divulgando reportagens que contenham as seguintes mensagens:

  • É muito importante o apoio ao aleitamento materno;
  • É fundamental, em situações de catástrofes, a segurança proporcionada pelo aleitamento materno;
  • Mulheres em situação de estresse podem produzir leite com quantidade e qualidade adequadas;
  • Membros de uma mesma família não devem ser separados, em especial mães e filhos, possibilitando manutenção ou reinício do aleitamento materno;
  • A utilização de fórmulas infantis de forma indiscriminada pode causar doenças e morte;
  • O governo, as ONGs, as entidades beneficentes e o público em geral não devem enviar doações de fórmulas infantis, leite em pó ou mamadeiras aos locais das catástrofes;
  • O público que doa fundos às agências de ajuda deve solicitar recibos e procurar saber como e onde seu dinheiro estará sendo empregado;
  • O público que presencia alguma distribuição de fórmulas no local das emergências deve informar as autoridades competentes;
  • Para doação de fórmulas infantis recomenda-se entrar em contato com a UNICEF, pois esta poderá organizar a entrega e a distribuição das mesmas.

 

A informação é uma arma poderosa e de baixo custo, capaz de corrigir equívocos e de levar orientação e auxílio aos lugares mais ermos. O apoio dos meios de comunicação em situações de emergência é muito importante como difusor da informação. A solidariedade é um ato nobre, embora possa se tornar mais um inimigo, em situações de crise, na ausência de informação correta e precisa.

* As ações de prevenção da transmissão vertical do HIV, a serem desenvolvidas no âmbito das maternidades, estão previstas nas Portarias: nº 2.104 GM/MS, de 19 de novembro de 2002 (lança o Projeto Nascer – Maternidades); no Anexo 2 da Portaria nº 2.313 GM/MS, de 19 de dezembro de 2002 (incentivo para a fórmula infantil); Portaria nº 2.236 GM/MS, de 5 de dezembro de 2002, alterada através da Portaria nº 822 GM/MS, de 27 de junho de 2003 (inclusão do teste rápido anti-HIV, do teste para confirmação de sífilis e do inibidor de lactação na tabela de procedimentos especiais do SIH/SUS da AIH-Parto).

Relatoras:
Fabíola Roberta Marim Bianchini e Nadia Sandra Orozco Vargas
Membros do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo – gestão 2007-2009; Pediatras e Neonatologistas assistentes do berçário anexo à Maternidade do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP.

Valdenise Martins Laurindo Tuma Calil – Presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo – gestão 2007-2009; Professora colaboradora médica da Disciplina de Neonatologia do Departamento de Pediatria da FMUSP, SP.

Texto divulgado em 1º/07/2009.