19/03 – Dia do Esportista: importância da atividade física

19/03 – Dia do Esportista: importância da atividade física

Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 18/02/2022


A infância e a adolescência são períodos fundamentais para o desenvolvimento de hábitos saudáveis, de habilidades de movimento e do estabelecimento de uma base para saúde e bem-estar durante a vida. Portanto, estimular a prática de atividades físicas na infância é fundamental para consolidar hábitos saudáveis de vida.

Nesses últimos anos houve um aumento dramático do sobrepeso e obesidade na faixa etária pediátrica, principalmente durante a pandemia da covid-19. Isto tem evidenciado a importância da prática de atividade física, juntamente com uma alimentação equilibrada e nutritiva.

A atividade física regular tem muitos outros benefícios na preservação da saúde global, como:

  1. Melhora da capacidade cardiopulmonar.
  2. Aumento da mineralização óssea e do equilíbrio e consequentemente proteção contra quedas e lesões desde a infância até a fase adulta.
  3. Prevenção das doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.
  4. Redução das taxas de tabagismo, incluindo os cigarros eletrônicos e uso de drogas.
  5. Diminuição de sintomas de depressão.
  6. Melhora do desempenho acadêmico.
  7. Melhora da função imunológica.
  8. Auxilia a socialização.

Os benefícios podem ser ainda maiores em crianças que apresentam transtorno de déficit de atenção, hiperatividade e principalmente em crianças com transtorno do espectro autista.

A Academia Americana de Pediatria definiu o conceito de alfabetização física – “Physical literacy” – como o desenvolvimento de uma ampla variedade de habilidades de movimentos fundamentais, que irão apoiar um estilo de vida ativo e saudável ao longo da vida.

Os precursores da alfabetização física são as habilidades motoras infantis, como agarrar, rolar, engatinhar, sentar, levantar-se, andar apoiando-se nos móveis e posteriormente sozinho, além de arremessar, pular, saltar, golpear, correr, dançar, chutar, etc. Estas atividades visam proporcionar agilidade, equilíbrio e coordenação e devem ser incentivadas desde os primeiros anos de vida.

À medida em que a criança vai crescendo, as habilidades físicas que ela vai adquirindo são baseadas nas habilidades motoras básicas que ela praticou nos primeiros anos de vida.

As crianças precisam realizar essas atividades de modo prazeroso, para que tenha menos possibilidades de interrompê-las, haja vista que o sedentarismo é hoje um problema crescente em crianças e adolescentes. O tempo de tela com telefones celulares, tablets e computadores ocupa atualmente muitas horas nas suas vidas.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que bebês e crianças menores de 18 meses não devam ter tempo de tela e que as crianças de 18 meses a 4 anos tenham limite de tempo de não mais de 1 hora por dia.

Para crianças em idade escolar, o tempo de tela deve ser restrito a 2 horas, além das necessidades para realização de trabalhos escolares.

Segue resumidamente as principais diretrizes das atividades físicas para bebês, crianças e adolescentes

Infância (do nascimento até 11 meses)
Os bebês devem interagir com os pais e/ou cuidadores em atividades físicas diárias dedicadas à exploração do movimento e do ambiente. Eles devem ter o “tempo de bruços” diariamente em período que estiverem acordados e felizes, durando enquanto eles demonstrarem prazer. 

Primeira infância (1-5 anos)
Crianças de 1 a 3 anos devem ter pelo menos 3 horas por dia de atividade física não estruturada, isto é, “tempo livre” ou “jogo livre”. É uma atividade que as crianças começam sozinhas, explorando o mundo ao seu redor.

Crianças de 3 a 5 anos devem praticar pelo menos 60 minutos de atividade física estruturada, isto é, planejada e dirigida por um adulto, além de pelo menos 60 minutos de atividades não estruturadas.

As crianças precisam ser encorajadas a desenvolver as habilidades motoras descritas na alfabetização física. 

Meia infância, adolescência e idade adulta jovem (5-21 anos)
Crianças, adolescentes e adultos jovens devem praticar mais de 60 minutos de atividade física aeróbica por dia, sendo que na maior parte do tempo, de intensidade moderada ou vigorosa.Com 6 anos de idade a criança está apta a iniciar os esportes organizados, como, por exemplo, fazer parte de um time.

Retorno à prática de esporte na infância em tempo de covid-19

As principais mudanças sanitárias diante a covid-19 incluem priorizar atividades sem contato, como exercícios nos quais a distância física possa ser mantida, enfatizar o uso de máscara facial e dar preferência às atividades ao ar livre. A vacinação é fundamental para as crianças e adolescentes que estão dentro da faixa etária em que há indicação.

O retorno à prática da atividade física traz benefícios psicológicos e físicos.

A criança e o adolescente com qualquer sintoma de covid-19 não deve praticar atividade física. De acordo com as principais diretrizes, crianças que tiveram covid-19 podem precisar realizar um eletrocardiograma antes de retornar à atividade física. Como ainda não há uma recomendação formal para todas as crianças, sugerimos realização de eletrocardiograma para aquelas com quadro mais graves e para todos os adolescentes antes de iniciar a prática de atividades físicas intensas ou esportes competitivos.

Relator:
Jose Nélio Cavinatto

Denise Derani 

Núcleo de Estudo da Prática de Atividade Física e Esportes na Infância e Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Foto: pressmaster | depositphotos.com