Introdução: o acidente escorpiônico tem grande importância no Brasil pela sua frequência e gravidade, em especial na faixa etária pediátrica, sendo ainda responsável por óbitos. Descrição do caso: paciente de 2 anos, baixo peso (8 kg), procurou pronto-socorro pediátrico com história de acidente escorpiônico há 3 horas da admissão, apresentando vômitos, sudorese difusa, hipoatividade, palidez, taquicardia, má perfusão periférica (tempo de enchimento capilar de 5 segundos), hipotensão e desconforto respiratório. Realizado 6 ampolas de soro antiescorpiônico, expansão volêmica e iniciado adrenalina endovenosa contínua, inicialmente com estabilização do quadro. Feito ecocardiograma funcional, evidenciado contratilidade cardíaca diminuída e veia cava inferior distendida. Prescrito furosemida endovenosa. Evoluiu em poucas horas com rebaixamento do nível de consciência e piora do padrão respiratório, necessitando de intubação orotraqueal. Após procedimento, evoluiu com parada cardiopulmonar, não revertida, com óbito. Discussão: O veneno dos escorpiões contém neurotoxinas que estimulam as terminações nervosas pós-ganglionares do sistema nervoso simpático e parassimpático e da medula adrenal, causando liberação de acetilcolina, adrenalina e noradrenalina, que desencadeiam o aparecimento de manifestações clínicas sistêmicas, principalmente relacionadas ao comprometimento cardíaco e pulmonar. O escorpionismo grave pode se manifestar como edema agudo de pulmão (cardiogênico ou não), insuficiência cardíaca congestiva, choque circulatório, arritmias, convulsões ou coma. No caso descrito, a paciente apresentou escorpionismo grave, evidenciado por insuficiência cardíaca congestiva e choque circulatório, que foram as causas do óbito. Conclusão: o acidente escorpiônico pode se manifestar de forma grave, especialmente na pediatria. É necessário monitorização rigorosa e administração precoce do soro antiescorpiônico, já que pode evoluir rapidamente para óbito.