Introdução: A atresia esofágica é causada pela falta de recanalização do tubo digestivo proximal na fase embrionária, tendo sua suspeita diagnóstica nas primeiras horas de vida dada a intensa salivação. A correção é cirúrgica, porém 54,6% apresentam estenose esofágica pós reparo. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 1 ano e 3 meses, com atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica distal (Gross C). Ao nascimento, apresentou salivação excessiva e dificuldade de aleitamento materno. A correção cirúrgica ocorreu com 8 dias de vida. Paciente com boa evolução pós-cirúrgica inicialmente, mas, ao início da introdução alimentar, iniciou regurgitação e disfagia. Permaneceu sem seguimento dos 6 aos 15 meses, quando então foi solicitada endoscopia digestiva alta (EDA) e início de terapêutica medicamentosa com inibidor de bomba de prótons (IBP). Após quatro meses, retornou após 5 EDAs com achados de esofagite erosiva e estenose esofágica,com necessidade de dilatação esofágica, realizada com velas de Savary-Gilliard, em intervalos de 3 semanas. Após os procedimentos apresentou melhora parcial na alimentação e ganho de peso. Discussão e conclusão: As estenoses associadas à correção cirúrgica de atresia de esôfago costumam apresentar boa resposta ao tratamento endoscópico, sendo os casos refratários, em geral, relacionados ao refluxo gastroesofágico, favorecendo a persistência da disfagia e recorrência da estenose. O caso relatado reforça a importância do acompanhamento contínuo, visto que a não adesão adequada do tratamento – como o uso do IBP e realização da EDA (com dilatação, quando necessária) – e o longo período de tempo para os retornos, refletem parcial sucesso clínico e endoscópico. Quanto aos métodos terapêuticos, é necessário analisar outras alternativas, pois em comparação com a dilatação por sondas, o uso do balão dilatador e aplicação intralesional de corticosteróides apresentam bons resultados.