DOR PÉLVICA E DISMENORRÉIA: UMA AVALIAÇÃO CLÍNICA E TERAPÊUTICA

Introdução: A dor pélvica, incluindo a dismenorreia, é um problema de saúde frequentemente negligenciado, impactando negativamente a qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar o perfil clínico de meninas pós-menarca com dor pélvica atendidas em um serviço de saúde secundário.
Metodologia: Dados clínicos foram coletados através de questionários e prontuários de 28 adolescentes do ambulatório de hebiatria de um serviço de saúde secundário.
Resultados: A mediana de idade foi de 16,4 [11,1,19,4] anos e a idade da menarca foi de 11 [9,14] anos. Todas as pacientes apresentaram estatura adequada para a idade (escore Z -0,20 ± 1,0), 71,4% eram eutróficas (escore Z 0,23 ± 0,73), 21,4% tinham sobrepeso (escore Z 1,38 ± 0,19) e 7,1% obesidade (escore Z 2,62 ± 0,01). 50% relatou irregularidade menstrual. A duração média do ciclo menstrual foi de 5,96 ± 1,64 dias. 42,9% relataram fluxo menstrual intenso e 57,1% moderado. 92,8% relataram dor pélvica, e 75% relataram piora durante o período menstrual. A duração média da dor foi de 2,96 ± 2,2 dias, com intensidade média de 6,86 ± 1,88. Não foi observada correlação entre o IMC e a duração ou intensidade da dor. Entre os fatores agravantes, 28,6% citaram atividade física, 28,6% estresse e 32,1% a dieta, especialmente o consumo de alimentos ultraprocessados. Quanto aos fatores atenuantes, 64,2% referiram o uso de medicamentos e 46,4% o repouso. Analgésicos foram utilizados por 85,7% das pacientes para alívio da dor, sendo que 58,3% usavam o Brometo de N-Butil-Escopolamina, principalmente durante o período menstrual. Como terapia complementar, 42,8% recorreram ao calor e 10,7% a suplementos vitamínicos.
Conclusão: a dor pélvica e a dismenorreia, de moderada a alta intensidade, são prevalentes entre adolescentes pós-menarca. O manejo da dor concentrado no uso de medicamentos, ressalta a necessidade de estratégias multidisciplinares eficazes para analgesia, incluindo a redução do consumo de alimentos ultraprocessados..