ESPESSAMENTO FIBROMUSCULAR ESOFÁGICO, UM RARO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ÊMESE NO LACTENTE: RELATO DE CASO ?

Introdução: refluxo gastroesofágico fisiológico em lactentes é extremamente comum, e sua apresentação clínica é a regurgitação. Acomete principalmente lactentes jovens, com melhora após 6 meses. Apesar da benignidade da maioria dos casos, sinais de alarme como perda ponderal, rouquidão, tosse crônica, erosão de esmalte dentário e sibilância de difícil controle levantam hipótese de quadros atípicos, que necessitam de avaliação complementar.
Descrição do caso: lactente, 8 meses, com regurgitação desde nascimento, evoluindo com vômitos diários pós-alimentares aos 6 meses de vida após introdução alimentar. Paciente apresentava também com sibilância recorrente com necessidade de internação. Em admissão, encontrava-se emagrecido, com baixa estatura para idade. Iniciado investigação clínica, com ultrassonografia de abdome, descartando estenose hipertrófica de piloro e massas abdominais. Deglutograma e tomografia de tórax normais. Estudo contrastado esôfago-estômago-duodeno apresentando calibre aumentado no terço médio e superior do esôfago associado a estreitamento focal no terço distal com estagnação do meio de contraste, e presença de refluxo. Deste modo, optou-se por complementar investigação com endoscopia digestiva alta confirmando diagnóstico de estenose esofágica, seguida de ressecção terapêutica com biópsia positiva para espessamento fibromuscular. Após procedimento cirúrgico, paciente evoluiu com melhora clínica.
Discussão: são múltiplos diagnósticos diferenciais do refluxo gastroesofágico, e na presença de sintomas atípicos é necessário investigação, como no caso descrito, pensando em alterações anatômicas. As estenoses congênitas do esófago, devido a remanescentes traqueobrônquicos, membrana diafragmática e espessamento fibromuscular são raras e apenas confirmadas após análise anatomopatológica por EDA, sendo necessário exclusão de causas secundárias de obstrução, como massas mediastinais. O tratamento é feito por ressecção ou dilatação por balão, que usualmente é evitado por possibilidade de perfuração, principalmente sob hipótese de remanescentes traqueobrônquicos.

Conclusão: mesmo majoritariamente sendo os casos de reluxo gastroesofágico fisiológicos e sem repercussões clínicas, o pediatra deve estar atento aos sinais de alarme, diagnósticos diferenciais, manifestações atípicas e complicações do refluxo gastroesofágicos.