INTRODUÇÃO: A febre é uma das queixas mais prevalentes nos setores de pronto atendimentos infantis (PAI) e quando ela se apresenta sem alterações no exame físico é chamada de febre sem sinais localizatórios (FSSL). Nos recém-nascidos (RN), essa condição pode ser potencialmente grave. Relatamos o caso de um paciente de 27 dias, masculino, previamente hígido diagnosticado inicialmente com FSSL e posteriormente, com endocardite sem vegetação.
DESCRIÇÃO DO CASO: J.M.D.S, 27 dias, masculino, nascido de parto vaginal, termo, sem intercorrências prévias, admitido em PAI com relato de pico febril isolado, sem outros sintomas associados. Realizado triagem infecciosa, iniciado antibioticoterapia empírica (ampicilina e amicacina) e internação hospitalar. Nas duas amostras de hemocultura iniciais, houve crescimento de Staphylococcus hominis resistente a oxacilina. Optado por nova coleta de cultura, trocado antibiótico para vancomicina e solicitado ecocardiograma o qual não demonstrou alteração. Foi aventada a hipótese de endocardite sem vegetação. Na primeira hemocultura de controle ainda houve crescimento do mesmo patógeno. Nas hemoculturas subsequentes e nos outros ecocardiogramas de controle, não houve alterações. Paciente recebeu alta hospitalar com seguimento ambulatorial com cardiopediatra.
DISCUSSÃO: A febre é considerada uma das grandes demandas de procura dos setores de emergência e quando não se evidenciam focos associados, após a coleta da história clínica e exame físico minucioso, consideramos como FSSL. Tal condição é muito frequente no cenário dos PAI, principalmente nos RN, colocando o médico pediatra em um dilema profissional: como evitar medidas iatrogênicas sem perder casos potencialmente graves? Eis o desafio.
CONCLUSÃO: A grande maioria dos casos febris representam quadros benignos autolimitados porém, existe uma pequena parcela que evoluirá com complicações bacterianas graves e potencialmente fatais requerendo assistência médica rápida e precisa, como o relato de caso que abordamos neste trabalho, visto que tal paciente apresentou um curso favorável e sem intercorrências devido ao diagnóstico e tratamento precoce.