INTOXICAÇÃO EXÓGENA DECORRENTE DE AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO INFANTOJUVENIL DO SUDESTE BRASILEIRO: ESTUDO ECOLÓGICO DA PREVALÊNCIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Introdução: As intoxicações em crianças ganham uma grande importância devido à sua fragilidade orgânica. Apesar da maioria das exposições infantojuvenis serem de caráter acidental e com baixa gravidade, a automedicação tem se tornado cada vez mais prevalente na população, configurando, um problema de saúde pública. No Brasil, aproximadamente um terço das hospitalizações relacionam-se ao fácil acesso e ao uso incorreto dos medicamentos. Objetivo: Especificar a prevalência de intoxicação exógena por automedicação infantojuvenil do sudeste brasileiro nos últimos 10 anos. Método: Estudo ecológico descritivo realizado em dezembro de 2023, mediante coleta de dados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), vinculado ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídas notificações de intoxicação exógena por automedicação na população de 10 a 19 anos da região Sudeste brasileira de 2013-2022, e excluídos da análise registros com características ignorada, em branco ou outros. Variáveis utilizadas: faixa etária, sexo, raça e evolução. Resultados: Durante o período analisado, 28.650 crianças e adolescentes sofreram pelo menos um episódio de intoxicação exógena por automedicação no Brasil. A Região Sudeste representa 12,5% destes casos (3.590 casos de intoxicação). Assim, pôde-se observar uma maior predominância por intoxicações no sexo feminino (76,8% dos casos, 2.758 meninas), e a faixa etária predominante entre 15-19 anos (sendo 67,5% dos casos paulistas, 2.426 indivíduos). Conclusão: A intoxicação exógena decorrente de automedicação em adolescentes é um grande problema de saúde pública na região Sudeste. Desta forma, ressalta-se a importância do diagnóstico e manejo precoces, além da necessidade de adoção e implementação de medidas públicas sanitárias e educacionais que previnam automedicação ou venda de medicamentos para crianças e adolescentes, sem supervisão de profissionais de saúde, pais ou responsáveis. Por fim, evidencia-se que a pesquisa por proceder de uma base de dados secundária pode apresentar casos de subnotificação e falha nos registros.